Por Marcos L Susskind*
O câncer é um grupo de doenças que envolvem o crescimento anormal de células malignas que se multiplicam, invadem partes adjacentes do corpo e/ou se espalham para outros órgãos. Os genes funcionam como legisladores: eles enviam instruções para as células tais como quando começar ou parar de crescer. As células normais seguem essas instruções, mas as células cancerosas as ignoram. Células cancerosas podem se desprender dos tumores e viajar para outras áreas do corpo, ocorrência conhecida como metástase . Os tratamentos contra o câncer, infelizmente são violentos (quimioterapia, radioterapia, cirurgia) e podem causar vários efeitos colaterais. Esses efeitos colaterais variam dependendo do tipo de tratamento e da reação das células malignas dentro do corpo.
O terrorismo é exatamente a mesma coisa. Veja o parágrafo acima refraseado:
O terrorismo é um grupo de ações que envolvem o estabelecimento anormal de células malignas que se multiplicam, invadem partes adjacentes da sociedade e/ou se espalham para outros órgãos. As normas sociais funcionam como legisladores: elas enviam instruções para a sociedade sobre como deve se comportar. As sociedades normais seguem essas instruções, mas as células terroristas as ignoram. Células terroristas podem se desprender de sua área original e viajar para outras áreas do mundo. Os tratamentos contra o terror, infelizmente são violentos (prisões, tiroteios e até guerras) e podem causar várias perdas colaterais. Essas perdas colaterais variam dependendo do tipo de comportamento e das reações das células malignas. Quando se abrigam em escolas, hospitais, bibliotecas, postos de saúde e áreas urbanas, será difícil lutar contra estas células sem causar efeitos colaterais indesejáveis.
As Nações Unidas (ONU) têm um órgão específico para a luta contra o terrorismo: UNOCT (Escritório de Contra-Terrorismo da ONU, em sua sigla em Inglês). Este órgão dispunha de US$ 379.850.128, em 2022 (último dado publicado – fonte ). No entanto, não se vê atuação deste órgão na região mais atacada por terrorismo na atualidade: o Oriente Médio, com grupos terroristas como o Hezbollah no Líbano; o Hamas e a Jihad Islâmica na Faixa de Gaza, na Samaria e na Judeia; o ISIS no Iraque, Síria e diversos outros países; os Houthis no Iêmen; o Al-Nusseirat na Síria; a Al Qaeda em todo o Oriente Médio e África. Tampouco atuam frente aos três países oficialmente considerados patrocinadores de terror pela própria ONU: Irã, Síria e Sudão ( fonte ).
Creio que o país mais atacado e ameaçado pelos grupos terroristas é Israel . Todos os grupos citados acima já executaram ou ameaçaram executar atos de terrorismo contra Israel. No entanto nem o UNOCT nem a unidade especial UNCCT mencionam em seus textos sequer uma única vez o nome de Israel. Há ações e fundos para antiterrorismo em Uganda, Nigéria, Turcomenistão, Espanha, Marrocos, Catar entre outros, nada para Israel!
O câncer e o terrorismo contam com outros aspectos comuns: ainda não se conhece a cura, há apenas paliativos. Os tratamentos são violentos, são caros e causam danos colaterais. No entanto, há também diferenças notáveis. Enquanto a busca da cura do câncer tem a simpatia universal, a luta contra o terrorismo encontra adversários. É praticamente unânime o apoio de grupos das extremas esquerda e direita ao terror islâmico, desde que dirigido a judeus, em geral, e a Israel, em particular. Professores e alunos em Universidades de todos os tipos, desde Ivy League até inexpressivas universidades, defendem e até glorificam atos terroristas de grupos como o Hamas, Hezbollah, Jihad Islâmica, FPLP e outros chegando a designá-los como “resistência” ao invés de terroristas. Queimam bandeiras de Israel , saem em passeatas mundo afora contra o principal baluarte na luta contra a expansão do terror islâmico enquanto silenciam totalmente sobre o terror de estado praticado por países como Sudão, Turquia, Síria, Venezuela, Irã etc.
Só na Europa ocorreram 1.661 atentados e tentativas entre 2010 e 2020. Países europeus que sofreram com esta metástase (apenas no ano de 2021):
Atentados realizados: Espanha, Inglaterra, Bélgica, França, Alemanha, Áustria e Dinamarca.
388 atentados evitados com prisões dos terroristas (2021): Áustria (24), Bélgica (32), Croácia (2), Chipre (6), Dinamarca (9), Finlândia (5), França (140), Alemanha (34), Grécia (6), Hungria (2), Irlanda (14), Itália (40), Países Baixos (17), Polônia (3), Portugal (2), Romênia (2), Espanha (47), Suécia (3).
Outro dado assustador vem da Europol e se refere a três anos: 2019 a 2021: os dois grupos mais afetos ao terror são os grupos islâmicos de um lado e a extrema esquerda mais anarquistas de outro. Eis os números ( fonte ):
Grupos Islâmicos: 950 atendados frustrados, 43 atentados realizados
Extrema Esquerda + Anarquistas: 182 frustrados, 52 realizados
Todos os demais: 420 frustrados, 32 realizados
Enquanto o mundo seguir com esta postura ambígua, o terrorismo seguirá, tal como o câncer, criando metástases.