Polícia acha ossada de adolescente que desapareceu em SP há 8 meses
Reprodução/Redes sociais (esquerda) e arquivo pessoal (direita)
Polícia acha ossada de adolescente que desapareceu em SP há 8 meses

O corpo da adolescente Giovana Pereira Caetano de Almeida, de 16 anos, foi encontrado em um sítio em Nova Granada (SP) na última terça-feira (27), após estar desaparecida desde dezembro de 2023.

A mãe, Patrícia Alessandra Pereira, relatou ao UOL que ela era uma menina inteligente e muito dedicada, que aprendeu a falar inglês sozinha e sonhava em viajar para o Canadá, em um intercâmbio.

"Ele conquistava todo mundo, era extrovertida e muito decidida a realizar os seus sonhos", diz. 

Patrícia disse ainda que sua filha era sua melhor amiga. "A gente dormia fazendo carinho uma na outra, assistíamos a séries juntas, com brigadeiro e pipoca".

A mãe afirmou ainda que a filha queria ter o próprio dinheiro, estudava em bons colégios e havia acabado de concluir o ensino médio. "Ela sempre falou que queria trabalhar, mas eu dizia que não tinha necessidade, meus filhos sempre tiveram o que precisavam", diz Patrícia ao detalhar que a condição financeira da família era boa.

Patrícia e Giovana não moravam mais juntas, a filha saiu de casa para morar com uma amiga em outubro do último ano.

O suspeito do assassinato, Gleison Luís Menegildo, de 45 anos, seria um homem ao qual Giovana teria pedido emprego. Ele é dono do imóvel onde ela foi encontrada.

Patrícia tem dúvidas sobre a versão do suspeito. "Eu não tinha conhecimento de que ela estava pedindo um estágio a ele. Tenho dúvida se não foi ele que falou para ela ir ao local levar o currículo. É muito fácil jogar a culpa e toda responsabilidade para a minha filha, de que ela foi lá, que ela usou droga, que ficou beijando os homens, que estava com roupas inapropriadas, sendo que estava de calça jeans, camiseta e tênis. Estão culpando a única pessoa que sabe o que aconteceu e não pode dizer", lamentou.

“Mesmo que ela tenha pedido emprego, por que ele chamou uma menina de 16 anos às 19h30 para ir a uma empresa? Minha filha tinha orientação e instrução, nunca faria nada disso do que estão falando. Ela não era uma menina jogada. Eu estou sempre com meus filhos, não sou ausente”, adicionou.

Gleison e Giovana teriam se encontrado por meio de uma plataforma online para encontros. O empresário e a menina marcaram de se ver e continuaram saindo, até que ela pediu a vaga, segundo delegado do caso, Ericson Salles, disse em entrevista à TV TEM.

A jovem teria levado o currículo para ele analisar na sede da empresa dele, localizada em São José do Rio Preto.

O empresário disse na investigação que a jovem havia feito uso de drogas e que após conversarem sobre a possibilidade de contratação, saiu para comprar bebidas, quando retornou, Giovana estava “aos beijos e abraços” com outro funcionário da empresa.

Segundo o depoimento do empresário, ela passou mal e morreu. Ele ainda teria tentado reanimá-la, mas sem sucesso.

“Ele [Gleison] disse que ela chegou, eles conversaram e, em um dado momento, ela usou um cigarro de maconha. Após isso, ele teria saído para buscar uma cerveja e, quando retornou, viu um funcionário em beijos e abraços com ela. Em um dado momento, esse funcionário disse que viu ela passando mal após usar cocaína que estaria na mesa, em um recipiente de remédio. Após isso, ele [Gleison] disse que tentou fazer os primeiros socorros e, como estava em desespero, ele acabou colocando ela na caminhonete e vindo para os outros locais”, disse o delegado.

A mãe de Giovana disse ao UOL que mexeu no celular da filha em maio de 2023 e encontrou mensagens suspeitas. Até que a filha decidiu assumir o caso com o empresário.

A mãe lembra que advertiu a filha devido à diferença de idade entre eles. "Ela disse que se relacionava com ele, que os dois tiveram uma relação e que ele ofereceu ajuda financeira para ela. Falei que ela não precisava disso. Ela me disse que não teria mais encontrado com ele", explicou Patrícia.

A última vez que as duas conversaram foi no dia 20 de dezembro de 2023, um dia antes dela desaparecer. "Conversei normalmente com ela no dia 20 de dezembro, mas no dia 21 ela não me mandou mensagem. Achei estranho porque a gente conversava muito. No dia 22, ela continuava sem me atender, e o seu celular já não recebia mensagens", contou a mãe.

Patrícia detalhou que procurou a polícia já no dia 23 de dezembro. Ela acrescentou que também começou a procurar pela filha por contra própria. O empresário é influente na região, o que faz com que a mãe tema interferência nas investigações.

"Fiz contato com o Brasil inteiro, falei com todos os amigos, fiquei paranoica procurando a localização dela nas redes sociais", relatou.

"A lei não é para todos?. Vou continuar acompanhando de perto os passos da polícia. Ele destruiu a minha família, matou todos os sonhos dela", finalizou Patrícia.

O caseiro do sítio revelou à Polícia Militar o local onde a jovem estava enterrada e admitiu que ajudou a cavar a cova. De acordo com o boletim de ocorrência, Cleber Danilo Partezani relatou que, no dia 21 de dezembro de 2023, seu empregador apareceu no sítio e pediu que ele escavasse um buraco em uma área específica da propriedade.

Segundo Partezani, o empresário pediu discrição e confessou que planejava enterrar um corpo, mas não especificou se era de um homem ou mulher. O patrão também retornou ao local em outras ocasiões para praticar tiro.

Ao descobrir o corpo, a polícia encontrou objetos pessoais da vítima, como um anel, uma pulseira, uma sacola plástica com o celular, uma mochila com roupas e maquiagens. Foram solicitadas perícias no local e exames no Instituto Médico Legal.

O caso foi registrado como morte suspeita, destruição, subtração ou ocultação de cadáver e posse irregular de arma de fogo de uso permitido na Delegacia de Nova Granada.

O que diz a defesa

O advogado Carlos Sereno afirmou ao UOL que Giovana morreu em decorrência do consumo exagerado de drogas durante uma festa de confraternização da empresa do seu cliente, o empresário Gleison Luís Menegildo, no final do ano passado.

"Na festa, outros funcionários beijaram a adolescente", disse o defensor, que negou que clientes tiveram relações sexuais com a adolescente.

O advogado assegura que o "laudo necroscópico irá confirmar que ela morreu de overdose". "Infelizmente, na hora do desespero, acabaram fazendo essa besteira", detalhou o advogado sobre a ocultação do cadáver.

Carlos Sereno confirmou que os dois se conheceram no Tinder e, eles tiveram apenas um encontro, no qual Giovana teria recebido um valor, não informado, via Pix.

O empresário pagou R$ 15 mil de fiança, enquanto o caseiro pagou cinco salários mínimos. Eles vão responder em liberdade.

Uma arma sem registo que estava na propriedade foi aprendida, e outra foi encontrada com o empresário, mas não ficou apreendida. Isso porque, segundo a polícia, ele é CAC (Colecionador, Atirador e Caçador). 

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