Mesmo modelo? Avião que caiu em Vinhedo é semelhante a de outros acidentes na Ásia

O ATR 72-500 é muito utilizado em países asiáticos

A aeronave tinha 14 anos de fabricação
Foto: Divulgação/Voepass
A aeronave tinha 14 anos de fabricação

O avião da Voepass que caiu na tarde desta sexta-feira (9) na cidade de Vinhedo , interior de São Paulo, era um ATR 72-500, com 14 anos de fabricação e conhecido no campo da aviação como um modelo capaz de operar em aeroportos de pista curta . Entretanto, modelos semelhantes ao que caiu na cidade paulista estão envolvidos em acidentes em outras partes do mundo, principalmente na Ásia.

O ATR 72-500 é um turboélice regional desenvolvido pela empresa franco-italiana ATR — um empreendimento conjunto entre a Airbus e a empresa italiana Leonardo. 

No mundo, o principal mercado do ATR é o asiático, com três dos seus cinco escritórios comerciais localizados em Cingapura, China e Japão. A empresa ainda mantém um escritório de suporte na Índia.

Já no Brasil, o ATR 72-500 é comumente utilizado em voos comerciais mais curtos e operando em aeroportos de pequeno e médio porte. Geralmente, eles são localizados em cidades no interior de estados como Paraná, São Paulo e Estados do Nordeste, Centro-Oeste e Norte.

Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a Passaredo, Azul Linhas Aéreas, MAP Linhas Aéreas e Total Linhas Aéreas utilizam o modelo no Brasil. 

Acidentes em Taiwan

A confiança nas aeronaves ATR foi abalada em Taiwan após dois graves acidentes envolvendo esses modelos. Em julho de 2014, um ATR-72-500 da TransAsia Airways caiu ao se aproximar do aeroporto de Magong, resultando na morte de 48 das 58 pessoas a bordo. Sete meses depois, em fevereiro de 2015, um ATR-72-600 caiu sobre um viaduto em Taipei, matando 43 dos 58 passageiros.

Esses acidentes levaram a Autoridade Civil Aeroespacial de Taiwan a suspender temporariamente os voos das aeronaves ATR-72 e ATR-42. As investigações concluíram que o primeiro acidente foi causado por uma combinação de falha humana e condições climáticas adversas, enquanto o segundo foi atribuído a uma falha na turbina e a erros na resposta da tripulação.

O que diz a Embraer?

Na coletiva de imprensa, a Embraer afirma que as naves precisam passar por um teste de segurança antes de serem colocadas para uso comercial: “Tem que atender requisitos muito rigorosos para garantir que vai alcançar os requisitos para segurança, e essa não foi diferente. Ela tem que demonstrar que cumpre requisitos de desempenho em condições normais e divergentes, e a tripulação passa por treinamentos com a nave, etc. Essa, como qualquer aeronave certificada, tem que passar pelos níveis de segurança que toda aeronave no mundo passa”.

Segundo eles, foi convocado especialistas da França e Canadá — países de montagem da aeronave — para ajudar na investigação do caso, como é de praxe em acidentes aéreos: "O país onde aconteceu o acidente é dominado de autoridade de investigação. Mas quando acontece uma investigação formal [no exterior] a nossa indústria, a Embraer, a terceira maior do mundo, nossos engenheiros participam pelo estado brasileiro, vão engenheiros e fabricantes da Embraer para outro país."

Configurações técnicas

Segundo a companhia, ao menos 1 mil aeronave da família ATR-72 já foram comercializadas pelo mundo, em diferentes configurações. Na sua forma padrão, ela possui capacidade para 72 assentos, com  68 para passageiros e o restante para a tripulação. Ele possui  27 metros de comprimento, 27 de envergadura das asas, além de 7,6 metros de altura.

O fabricante ainda afirma que a velocidade de cruzeiro da aeronave é de 511 quilômetros por hora e sua autonomia de voo é de 1.324 quilômetros. Isso faz com que ele tenha combustível o suficiente para voar com segurança entre cidades como Cascavel e São Paulo, que possui uma distância de cerca de 700 quilômetros.

Por se tratar de um turboélice, a velocidade de cruzeiro é menor que a de aeronaves a jato, que conseguem chegar a aproximadamente 900 quilômetros por hora. Além disso, o ATR-72-500possuem asas acopladas à parte superior da fuselagem.

As aeronaves da família ATR-72 tiveram a fabricação encerrada em 2012, quando foi dado o lugar para uma nova família, as aeronaves ATR-62.