
Você talvez tenha visto algum vídeo de um médico com anos de experiência mostrando um produto que traz resultados milagrosos e rápidos. Existem diversos vídeos assim na internet. Mas há dois problemas principais: esses produtos não são certificados pela Anvisa e esses médicos são, na verdade, autores.
O Cremesp, Conselho Regional de Medicina de São Paulo , está alerta a videos que deliberadamente tentam enganar o consumidor para achar que compram algo positivo e certificado. O conselho investiga a origem de vídeos.
Angelo Vattimo , presidente do Cremesp, disse ao g1: "Práticas como esta são extremamente perigosas, podendo ser consideradas um crime, de modo que as pessoas envolvidas podem responder, inclusive, por falsidade ideológica, uma vez que utilizam nomes de médicos verdadeiros para venderem medicamentos, suplementos, entre outros.”
Como é vídeo falso?
São diversos vídeos falsos onde pessoas se comportam como especialistas para indicar produtos não autorizados para venda - ou que nem existem. Os produtos ajudariam rapidamente em questões como perda de peso, melhora de visão, dores, etc.
Um dos vídeos falsos é uma verdeira produção: uma entrevista para o “Saúde em Foco”, onde o médico Ricardo Bruno, apresentado como endocrinologista especializado pela USP, comenta sobre uma bactéria que causa acúmulo de gordura durante o sono. Mostram até o registro.
O médico então, muitos minutos depois, mostra um produto para emagrecer - que ele próprio teria inventado.
O médico Ricardo Vasconcellos Bruno realmente existe - mas é um ginecologista carioca, e não o homem que aparece no vídeo. Este é um ator, Sidnei Oliveira, que disse ao g1 que foi contratado para o vídeo e não sabia que era para propaganda falsa.
Além de supostos médicos, também há vídeos de falsos pacientes falando bem sobre produtos. A maioria, inclusive, mente sobre ser aprovado pela Anvisa.
Sinais de golpe estão na internet
O Reclame Aqui reflete o descaso e o fato dos produtos serem falsos. Há relatos de pessoas que acreditaram se tratar de médico e compraram, mas nunca recebeu os produtos.
No Google, também, existem maneiras de tentar regular. A empresa informou que removeram, em 2023, mais e 5,5 bilhões de anúncios que não obedeciam às regras - e estimulam a denúncia sempre que possível.
Investigações oficiais
O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) comentou sobre a ilegalidade de vender alimentos como produtos para saúde e ressaltou a falta de ética de usar testemunhos falsos. Mas, apesar de haver processos instaurados, os casos precisam ser oficialmente julgados.
O Cremesp verificou que não há indicação no vídeo de que as pessoas são atrizes e atores. Acionaram o Ministerio Público e a Polícia Civil para apuração.
"[Solicitamos] a exclusão imediata destas publicações mentirosas das redes sociais, que só prejudicam a população e a própria classe médica. Reforçamos, ainda, a importância do uso do Guia Médico, disponível no site do Cremesp, que permite checar, pelo nome ou CRM, se o profissional é realmente médico e se possui especialidade registrada,” disse o conselho.