Publicação de crianças em redes sociais pode abrir porta para pedofilia
ELZA FIÚZA / AGÊNCIA BRASIL
Publicação de crianças em redes sociais pode abrir porta para pedofilia

O compartilhamento de conteúdo pornográfico na internet não é novidade. Mas o que muita gente parece ignorar é a facilidade com que imagens de pedofilia podem ser acessadas e a exposição de crianças e adolescentes ao sexo.

Vídeos aparentemente inofensivos de crianças chamam atenção de pedófilos. Crianças dançando, dando piruetas ou nadando viram alvo de compartilhamentos nocivos e sexuais.

Os pedófilos compartilham e monetizam imagens de crianças de maneira aberta e pública - muita vezes, porém, de um jeito disfarçado que é difícil de captar.
Outras vezes, vídeos de crianças como aqueles postados pela própria família são manipulados para simular cenas sexuais e, depois, são compartilhados e vendidos, como mostrou o Fantástico.

Códigos para pedofilia

Para destacar vídeos com conteúdo que podem agradar pedófilos, há alguns “códigos” usados. As frases, normalmente, não têm conotação sexual e parecem isoladas e inocentes.

Duas chamaram atenção no programa: “Perdoe, pequena” e “errei, fui Raulzito”. Nenhuma, em si, é problemática.

Raulzito, porém, é alusão a um influenciador preso por abusar de, pelo menos, duas crianças.

Manipulação de imagens e Inteligência Artificial

Os pedófilos online trabalham para recortar momentos específicos que mostram o corpo de uma criança em vídeos aparentemente inocente. Entrevistado pelo Fantástico, Jonas Carvalho explicou que começou a ver comentários nas publicações que fazia da filha, que hoje tem três anos.

Os vídeos eram inocente, como a menina descendo no escorregador e o pai filmando de frente, descendo do sofá e a roupa ficando enroscada. Muita vezes, esses segundos que chamam atenção de pedófilos são a roupa mexendo, ou crianças sem camiseta, apenas de fraldas, etc.

“Eu comecei gravando rotina. Então, era tudo. Gravava dando a primeira papinha, o primeiro passo, a compra do supermercado. Um conteúdo voltado à família, que para mim é tudo. Só que a internet é um perigo. Os comentários, às vezes, passam de ser maldade. Assédio. Essa é a palavra, assédio. Muitos comentários. ‘Perdoa minha pequena, Raulzito’, e algumas pessoas que me acompanham começaram a me mandar o significado, que eu não sabia. Dói na alma. Dói, e o meu desabafo é no choro”, disse Jonas.

Outra prática que se populariza na internet é o deepfake. No geral, é uma manipulação de fotos e vídeos capaz de transferir o rosto de uma pessoa para outra, ou gerar conteúdo com o rosto de uma pessoa, mas o resto falso.
Recentemente, viralizou uma versão de deep fake onde uma foto de corpo inteiro pode fazer uma pessoa dançar. Mas mais de 90% de deepfake é feita como pornografia ou pedofilia.

Para isso, é usada quaisquer fotos ou vídeos com o padrão necessário - e não apenas os mais chamativos.

Lives de pedofilia

Diversas lives, ou chamadas de vídeo, são feitas com conteúdo pedófilo. O maior problema aqui é: o abuso é real e acontece ao vivo.

Essas lives são anunciadas e vendidas. As pessoas que assistem podem, ainda, pagar para o adulto conduzindo o abuso fazer algo específico ou atender um pedido.

Thiago Tavares, presidente da Safernet Brasil, comentou que hoje vemos acesso mais fácil que nunca à pedofilia, e a monetização é maior do que nunca.
Os pedófilos têm noção da ilegalidade e falam abertamente de maneiras de burlar a lei. Um deles, que vende conteúdo, admitiu ter 70 mil vídeos guardados - e ter cuidado de nunca mostrar o rosto.

Este mesmo homem afirmou que “tem a criança” para mostrar disponível: a filha de dois anos. Por R$ 50 reais, disse mostrar “o que pedir”.

Uma suposta mãe também ofereceu uma chamada de vídeo de 30 minutos “para fazer o que quiser.” A vítima seria a filha de oito anos, que segue orientações “sem frescura e nada de chorar”, como descreveu a mãe.

As páginas também acordam, eventualmente, encontros para abuso na vida real. Um homem descreve que ia até a casa da criança praticar os abusos, e encontrava os pais lá.

Abuso sexual no Brasil

No último ano, cinco mães foram presas por divulgar abuso infantil na internet. De fato, a maior parte dos abusos no Brasil, cerca de 70%, acontece em casa.
Como reflexo, o Brasil é o terceiro país que mais consume e produz conteúdo pedófilo.

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