Incêndios no pantanal
Divulgação - 22/07/2022
Incêndios no pantanal

A região do Pantanal está passando por uma situação crítica este ano, com a temporada de incêndios chegando mais cedo e a seca atingindo níveis preocupantes. Nos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, os números de focos de incêndio dispararam nos primeiros seis meses de 2024, aumentando em 1025% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Enquanto isso, o rio Paraguai, vital para o bioma, está enfrentando uma seca histórica, com seu nível atualmente mais de 2 metros abaixo da média.

Mato Grosso do Sul, que abriga a maior parte do Pantanal brasileiro, registrou 698 focos de incêndio entre janeiro e junho de 2024, em comparação com apenas 62 no mesmo período do ano passado. No vizinho Mato Grosso, a situação não é menos preocupante, com 495 focos de incêndio em 2024, contra 44 em 2023. Isso totaliza:

  • 2024: 1193 focos de incêndio entre 1º de janeiro e 7 de junho;
  • 2023: 106 focos de incêndio entre 1º de janeiro e 7 de junho.

Os dados, divulgados pelo Programa de BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontam que este é o segundo maior número de incêndios na região desde 2010, ficando atrás apenas do devastador ano de 2020, quando o fogo consumiu cerca de 4 milhões de hectares, o equivalente a aproximadamente 26% do bioma.

Os especialistas explicam que o período de queimadas no Pantanal, que normalmente ocorre entre julho e agosto, pode se estender por até seis meses devido à antecipação das queimadas e à seca precoce.

Em Corumbá, uma das principais cidades do Pantanal sul-mato-grossense, a falta de chuvas já dura mais de 50 dias, segundo meteorologistas locais. Com os incêndios florestais e a umidade do ar em queda, uma densa camada de fumaça cobre a região.

Na semana passada, devido ao risco iminente de incêndio e à intensa fumaça, as autoridades evacuaram crianças de uma escola ribeirinha na região, e as aulas foram suspensas por 10 dias.

O Corpo de Bombeiros, que está atuando na Operação Pantanal desde abril, anunciou que conseguiu controlar o fogo em três parques estaduais da região: Pantanal do Rio Negro, Nascentes do Taquari e Várzeas do Rio Ivinhema.

A escassez de chuvas também está impactando o Rio Paraguai, principal curso d'água do bioma. O nível do rio em Ladário, cidade próxima a Corumbá, está estável há cerca de um mês, estando atualmente 2 metros e 47 centímetros abaixo da média histórica.

As projeções climáticas para junho indicam continuidade da seca e da umidade baixa, o que aumenta a vulnerabilidade do solo aos incêndios. Em 13 de maio, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou "situação crítica de escassez" na bacia do rio Paraguai, uma medida que permanecerá em vigor até outubro, diante do cenário preocupante e da significativa redução do nível de água em todo o rio.

O comunicado da ANA apontou que “o nível d’água do rio Paraguai em abril de deste ano atingiu o pior valor histórico observado em algumas estações de monitoramento ao longo de sua calha principal, sendo que o cenário de escassez ocorre desde o início deste ano na Região Hidrográfica do Paraguai”.

Além das perdas para o meio ambiente, a escassez do rio já afeta outros setores da sociedade. A ANA elencou os problemas ocasionados com o baixo nível:

  • Impactos aos usos da água, sobretudo em captações para abastecimento de água – especialmente em Cuiabá (MT) e Corumbá (MS);
  • Impedimento na navegação;
  • Baixos aproveitamentos hidrelétricos a fio d’água (neles, as vazões que chegam são praticamente iguais às que saem dos reservatórios);
  • Complicação para atividades de pesca, turismo e lazer.
  • Escassez e Incêndios

    A declaração de emergência pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) para o rio Paraguai, prevista até 31 de outubro, reflete um panorama preocupante no bioma do Pantanal. O WWF (World Wildlife Fund) emitiu um alerta sobre a alarmante escalada de incêndios neste ano, descrevendo os dados de 2024 como os piores desde o devastador período de 2020.

    Segundo o monitoramento do Inpe, 2020 registrou o maior número de focos de incêndio no Pantanal desde o final da década de 1990. Um estudo realizado por 30 pesquisadores estimou que, naquele ano, pelo menos 17 milhões de animais vertebrados foram vítimas diretas das queimadas na região.

    Relatórios recentes da ANA indicam que Mato Grosso do Sul e Mato Grosso já enfrentam uma situação de seca, levando à inclusão do Pantanal em risco ambiental pela União desde abril. O governo estadual de Mato Grosso do Sul respondeu com um decreto de "Estado de Emergência Ambiental" em abril, implementando medidas rigorosas para conter a propagação dos incêndios, incluindo restrições à queima controlada e a contratação de pessoal temporário para atender às demandas emergenciais.

    A cooperação entre os governos estaduais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, juntamente com o governo federal, foi formalizada em um termo de defesa, proteção e desenvolvimento sustentável do Pantanal. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, propôs a elaboração de um pacto pelo Pantanal, envolvendo não apenas os governadores, mas também os prefeitos da região, em um esforço conjunto para enfrentar os desafios ambientais.

    Apesar das iniciativas de preservação, o desmatamento no Pantanal, embora marcado por altos e baixos, registrou uma queda de 9% entre agosto de 2022 e julho de 2023, conforme apontado pelo último relatório anual do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), enquanto na Amazônia a redução foi ainda mais expressiva, alcançando 21%.

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