Djidja, a mãe Cleusimar Cardoso e o irmão, Ademar Cardoso reunidos
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Djidja, a mãe Cleusimar Cardoso e o irmão, Ademar Cardoso reunidos

 A família de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, enfrenta uma investigação delicada em Manaus. Sua mãe, Cleusimar, e seu irmão, Ademar, foram presos por tráfico de drogas e associação ao tráfico, além de Ademar ser alvo de um mandado por estupro. A investigação envolve a criação de uma seita que, segundo a polícia, mantinha vítimas em cárcere privado, abusando delas sexualmente e obrigando-as a usar drogas alucinógenas.

O delegado Cícero Túlio, responsável pelo caso, revelou ao jornal GLOBO que as vítimas eram submetidas a condições desumanas, ficando despidas por vários dias, sofrendo abusos sexuais e obrigadas a consumir alucinógenos. As operações policiais nas unidades da rede de salões Belle Femme, da qual a família é proprietária, revelaram centenas de seringas e doses da droga.

"Diversas pessoas já foram ouvidas no decurso da investigação. Duas pessoas relataram fatos criminosos que levam a crer na possibilidade prática de estupro de vulnerável. Inclusive, com a possibilidade de ter acontecido um aborto com uma dessas garotas", disse o delegado.

"Ao longo das investigações, tomamos conhecimento de que Ademar também foi responsável pelo aborto de uma ex-companheira sua, que era obrigada a usar a droga e sofria abuso sexual quando estava fora de si. A partir desse ponto, as diligências se intensificaram e identificamos uma clínica veterinária que fornecia medicamentos altamente perigosos para o grupo da seita", afirmou.

O local onde a família vivia e as vítimas foram mantidas era um "lugar que cheirava à podridão", segundo o advogado Cícero Túlio disse que ao longo das operações nas unidades da rede, foram encontrados centenas de seringas, algumas prontas para serem usadas, além de doses da droga.

"Outras duas pessoas relataram essa situação do estupro, principalmente por terem sido dopadas durante o ato sexual e não se lembrarem nada sobre aquilo. Algumas delas permaneceram despidas por vários dias, sem sequer tomar banho, em uma situação de cárcere privado. Inclusive, no momento que adentramos naquela residencia, o cheiro de podridão era muito forte."

O advogado da família, Vilson Benayon, ressaltou que Cleusimar e Ademar estavam em estado de insanidade mental devido ao vício em drogas e pediu a internação compulsória dos dois em uma clínica de reabilitação. Segundo ele, a prisão foi essencial para evitar uma tragédia, já que o consumo excessivo estava deteriorando a saúde deles.

""Pedimos o toxicológico e a internação compulsória dos dois em uma clínica de reabilitação. Eles foram atendidos na enfermaria do complexo prisional em crise de abstinência. Ontem estavam de um jeito, hoje estão de outro. O que eles têm é uma patologia, a prisão os salvou da morte", disse o advogado, ao GLOBO.

A seita, denominada "Pai, Mãe, Vida", tinha uma abordagem religiosa, com os membros se autodenominando Maria Madalena, Maria e Jesus Cristo. As investigações também apontam para o uso irregular de drogas adquiridas em uma clínica veterinária.

A morte de Djidja Cardoso levou as autoridades a intensificarem as investigações. A polícia suspeita que houve abuso que possa ter causado o óbito dela e está levantando elementos para determinar a autoria. As operações contra a seita tiveram início após o acontecimento, com relatos de vítimas que foram dopadas e mantidas em cárcere privado.

"A morte tem peculiaridades, principalmente pela possibilidade de uso de fármacos psicotrópicos. Há a possibilidade de ter havido um abuso que levou ao óbito dela (...) Não trabalhamos ainda com a hipótese de homicídio. Para que eu possa dizer que teve uma morte violenta e um homicídio, preciso de elementos de autoria. É o que estamos levantando", explica o delegado Daniel Antony, da Delegacia de Homicídios.

As investigações começaram aproximadamente há 40 dias, quando a polícia descobriu que a droga era adquirida de maneira ilegal em uma clínica veterinária. As vítimas, em seus depoimentos aos policiais, descreveram ter sido dopadas e mantidas em cativeiro. O falecimento de uma mulher foi o que desencadeou o início das operações contra a organização, como explicou o delegado Cícero Túlio em uma coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (30).

"Eles utilizavam (a droga) para entrar nessa espécie de transe, para, segundo eles mesmos relataram, transcenderem para outra dimensão", explica o delegado Cícero Túlio.

"Diversas pessoas já foram ouvidas no decurso da investigação. Duas pessoas relataram fatos criminosos que levam a crer na possibilidade prática de estupro de vulnerável. Inclusive, com a possibilidade de ter acontecido um aborto com uma dessas garotas."

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