O Brasil registrou uma queda no desmatamento em 2023 , conforme dados do Relatório Anual de Desmatamento (RAD 2023) do MapBiomas, divulgados nesta terça-feira (28). Foram perdidos 1.829.597 hectares de vegetação nativa no país, representando uma redução de 11,6% em relação ao ano anterior, quando foram derrubados 2.069.695 hectares.
Apesar dessa redução, a concentração do desmatamento está aumentando na região do Cerrado, que ultrapassou a Amazônia em área desmatada pela primeira vez desde 2019. Em 2023, o Cerrado foi responsável por 61% do desmatamento no país, com 1.110.326 hectares desmatados, um aumento de 68% em relação a 2022. A expansão agropecuária foi apontada como o principal motor desse desmatamento, representando 97% do total.
O coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo, destacou que, embora seja positiva a notícia da redução geral, a cara do desmatamento no Brasil está mudando, concentrando-se agora nos biomas onde predominam formações savânicas e campestres, e reduzindo-se nas formações florestais.
No Cerrado, o desmatamento reflete-se em vários indicadores alarmantes. O bioma registrou o maior alerta de desmatamento do país em Alto Parnaíba (MA), com 6.691 hectares. Além disso, o alerta com a maior velocidade média diária foi registrado em Baixa Grande do Ribeiro (PI), com 944 hectares em 8 dias.
Territórios indígenas, quilombolas e Unidades de Conservação no Cerrado também foram severamente afetados, com aumentos significativos no desmatamento. Destaque para o território indígena mais desmatado, Porquinhos dos Canela-Apãnjekra, com 2.750 hectares desmatados, e para a APA do Rio Preto, a mais desmatada, com 13.596 hectares. O município de São Desidério (BA) foi o mais afetado, com 40.052 hectares desmatados, representando 70% dos municípios do Cerrado que registraram desmatamento.
Enquanto isso, na Amazônia, houve uma queda significativa de 62,2% no desmatamento, totalizando 454,3 mil hectares em 2023. Todos os estados amazônicos, exceto o Amapá, registraram redução no desmatamento. A região de Amacro, que abrange Amazonas, Acre e Rondônia, teve uma queda de 74%. Apesar disso, 78% dos 559 municípios da Amazônia registraram desmatamento, com todos os 10 mais desmatados apresentando redução.
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