Acampamento pró-Palestina na FFLCH
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Acampamento pró-Palestina na FFLCH

Estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP) montaram, desde esta terça-feira (7), um acampamento dentro da instituição para uma  manifestação em defesa do povo palestino e contra a ofensiva israelense na Faixa de Gaza.

De acordo com dados dos organizadores, são cerca de 20 barracas, que comportam aproximadamente 50 estudantes. A estrutura foi montada entre os prédios de História e Geografia da universidade.

O ato realizado na USP é organizado e liderado pelo comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino (ESPP), e tem como inspiração os  protestos organizados pelos alunos de universidades em todo o mundo. Só nos EUA,  mais de 1.000 pessoas foram presas nos atos.

Além de pedirem pelo fim da guerra em Gaza, os manifestantes da USP reivindicam o rompimento dos convênios da instituição com entidades acadêmicas israelenses. São sete parcerias que, segundo os alunos, têm a produção científica e tecnológica voltada para objetivos militares, que endossam o ataque ao povo palestino.

De acordo com o ESPP-USP, o movimento é apoiado por mais de 40 entidades e organizações, entre elas, sindicatos, como Metroviários, Sindicato dos Servidores Federais e o Sindusp, além de partidos políticos a partir de coletivos de juventude. A programação do ato conta com oficinas, mesas de debates, exibição de filmes e shows.

guerra entre Israel e Hamas começou em outubro do ano passado, quando o grupo militante palestino fez um ataque sem precedentes no território israelense, deixando 1.200 mortos e 250 reféns. Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva militar na região da Faixa de Gaza que, segundo as autoridades de Saúde locais, deixou quase 35 mil mortos.

Vídeos mostram universitários acampados na USP e bandeira gigante da Palestina nos corredores da faculdade:




O que diz a USP

À reportagem, a direção da FFLCH disse que "o respeito à livre manifestação é uma característica da universidade".

"Assim, sua diretoria vem a público dizer que vê com normalidade o exercício do direito de livre manifestação de seus professores, estudantes e funcionários realizados entre 7 e 9 de maio que ocorrem pacificamente", afirmou.

Abaixo-assinado

Por meio da plataforma change.org, os estudantes da USP criaram um abaixo-assinado para reivindicar "cessar-fogo imediato, a liberdade dos presos políticos palestinos (muitos deles crianças) e a imediata ruptura de relações diplomáticas, econômicas e acadêmicas com o regime de Apartheid e limpeza étnica de Israel".

Até o momento, o abaixo-assinado tem 750 apoiadores.

Apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE)

Um desses coletivos é a União Nacional dos Estudantes (UNE), que está presente no ato. Em nota divulgada no site e nas redes sociais, a UNE defende o rompimento das relações das universidades brasileiras com o Estado de Israel e o veto imediato da compra de dispositivos bélicos israelenses.

Na nota, a UNE repudia a repressão dos atos estudantis pró-Palestina em todo o mundo, e ressalta a atuação dos estudantes brasileiros, afirmando que eles têm 'desempenhado um papel crucial ao liderar mobilizações em defesa da Palestina, destacando a importância de denunciar o genocídio em curso, exigir o cessar-fogo imediato e lutar por justiça para o povo palestino'.

"Agora, mais do que nunca, é imperativo inaugurar um novo ciclo de solidariedade, no qual exigimos a suspensão imediata das relações diplomáticas do Brasil com Israel, bem como o término de todos os convênios entre nossas universidades e centros de pesquisa com o Estado Colonial de Israel. Além disso, demandamos um embargo integral e imediato de armas, visando a interrupção permanente dos ataques em curso", diz a nota.

Organizações judaicas no Brasil repercutem manifestações estudantis

Antes mesmo dos estudantes da USP iniciarem o ato na universidade, as organizações judaicas no Brasil já manifestavam preocupação acerca dos atos estudantis em todo o mundo.

Em nota sobre as universidades norte-americanas, a Federação Israelita do Estado de São Paulo, diz que os atos no campus acabaram se "desconectando do viés pacífico de um discurso a favor de um cessar-fogo no Oriente Médio para se tornar palco de atos de violência e propagação de discursos de ódio contra judeus", além de pregar a exaltação ao Hamas.

"Situações como essa reforçam um fato: a guerra entre Israel e o Hamas avançou territórios, não com a presença de soldados, mas sim com a invasão de narrativas agressivas, cheias de ódio e sem fundamento histórico que estão ganhando corpo em locais muito além das fronteiras entre Israel e Gaza", escreveu Marcos Knobel, presidente da organização. "Espaços que são ambientes de debates e criação de massa crítica de pensamento acabaram se tornando polos para a disseminação de mensagens antissemitas."

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