A vereadora Paolla Miguel (PT), de Campinas, interior de São Paulo, será investigada em uma Comissão Processante (CP) aberta pela Câmara da cidade, após ter sido acusada de realizar uma festa às custas de verba pública. O evento promovia nudez e simulação de sexo.
O pedido de abertura da CP foi aprovado com 24 votos a favor e seis contra. A comissão deve apresentar, em até 90 dias, um relatório que será votado em Plenário, pela cassação ou não do mandato de Paolla.
No último domingo (21), a vereadora pediu afastamento do cargo no diretório do Partido dos Trabalhadores.
Entenda o caso
Paolla é acusada de utilizar a emenda parlamentar para realizar a festa chamada Bicuda, que aconteceu no dia 14 de abril. Após a divulgação de imagens da festa, a Câmara decidiu apurar o caso.
Em nota, os organizadores da festa afirmaram que o evento era voltado ao público LGBTQIA+ e, desde sua criação, em 2018, nunca foram questionados sobre o conteúdo das apresentações.
A empresa diz ainda que a vereadora não teve envolvimento direto na contratação de artistas e que Paolla proporcionou a infraestrutura básica para a realização da festa.
Nas redes sociais, Paolla afirmou que a abertura da comissão é "perseguição política".
"A Câmara de Campinas acaba de aprovar uma Comissão Processante contra o nosso #MandatoMovimento por prover, via emendas para a Secretaria de Cultura, palco e banheiros químicos para um evento em Barão Geraldo. Um processo persecutório, que quer retirar da Câmara de Campinas uma mulher negra, LGBT, trabalhadora, nascida e criada na periferia da nossa cidade, eleita pelo voto do povo. Não vamos tolerar essa perseguição ao nosso mandato popular. Faremos a defesa dos votos de 2.728 campineiras e campineiros. Gratidão a cada uma e cada um que demonstra solidariedade com a nossa luta. A luta continua!" , publicou a vereadora.
A Prefeitura de Campinas informou que foram constatadas "cenas de nudez e simulação de sexo, que não haviam sido informadas previamente pela produção" durante a festa. Por conta disso, um decreto publicado no Diário Oficial determina a implantação de classificação indicativa em todas as atividades culturais realizadas ou apoiadas pela Secretaria Municipal de Cultura.
De acordo com publicação nas redes sociais de Paolla, a vereadora não sabia do conteúdo das apresentações da festa.
"Nossa participação no evento Bicuda se deu única e exclusivamente via alocação de recursos das emendas parlamentares para banheiros químicos e palco, após ter sido solicitado para gente. Não participamos de tratativas sobre artistas, nem sobre conteúdo da apresentação. O que aconteceu lá foi inadequado sim. Se tivessemos ciência do conteúdo da apresentação, teríamos aconselhado o Poder Público a dialogar com a produção do evento para que não acontecesse. A Bicuda acontece em Campinas desde 2018, inclusive com apoio da Secretaria de Cultura por pelo menos 15 eventos, sendo quase a totalidade delas sem nossas emendas. Iremos enfrentar esse processo de cabeça erguida, cientes de que estamos sendo perseguidas por quem não tolera uma pessoa como eu, preta, LGBT, periférica e jovem na política ", diz a nota.
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