Acusado de fraudar licitações para o PCC é pagodeiro e ostentava armas e dinheiro
Reprodução/redes sociais
Acusado de fraudar licitações para o PCC é pagodeiro e ostentava armas e dinheiro

O alvo principal da  operação deflagrada nesta terça-feira (16) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, é o empresário e cantor de pagode Vagner Borges Dias.

Conhecido também como Latrell Bitro, seu nome artístico, ele é um dos acusados de integrar um esquema de lavagem de dinheiro que forjava concorrências para participar de licitações para prestação de serviço público e "prestigiar interesses da facção criminosa PCC". Nesta terça, ele,  três vereadores de cidades paulistas e mais 10 pessoas foram presas.

As investigações do MPSP apontam que Brito teve "um aumento vultoso" em seus rendimentos nos últimos anos e "ostenta armas, munições e grande volume de dinheiro em espécie". Um dos mandados de busca e apreensão cumpridos na operação desta terça foi na casa do empresário.

Brito tem relação com empresas que prestam serviços de limpeza e manutenção de prédios públicos. Essas empresas detêm contratos com órgãos públicos de uma série de cidades paulistas, dentre elas Guarulhos, Cubatão, Santos, Arujá, Guararema, Araraquara, Itatiba e Jaguariúna.

Cerca de R$ 200 milhões em contratos públicos foram movimentados pela principal empresa investigada. Em entrevista coletiva, o promotor Yuri Fisberg explicou que o grupo criminoso atuava como "árbitro" nos conflitos envolvendo as empresas que participavam do esquema para obter contratos públicos.

"A facção delibera sobre a sorte de determinados contratos. Quando há divergência entre essas empresas, compete ao crime decidir eventual divergência entre elas, e não o Judiciário, como seria o padrão", afirmou.

Brito foi um dos 15 alvos de mandado de prisão temporária (com validade de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco) cumpridos na terça-feira. Três vereadores foram presos: Ricardo Queixão (PSD), de Cubatão; Flavio Batista de Souza (Podemos), de Ferraz de Vasconcelos; e Luiz Carlos Alves Dias (MDB), de Santa Isabel.

Latrell Brito, cantor e pré-candidato

Nas redes, ele acumula quase um milhão de seguidores e compartilha vídeos cantando, além de imagens relacionadas à rotina de sua família e a roupas de grife, por exemplo.

Ele lançou seu primeiro álbum em 2020, intitulado "Vida de Brito", no Spotify. O clipe da música que leva o nome do álbum tem mais de 50 mil visualizações no YouTube.

Apesar dos grandes números, são apenas 371 ouvintes mensais na plataforma de streaming de músicas Spotify. Sua música mais popular no app tem os seguintes versos:

"Quero mudar minha vida por inteiro

Não quero mais ser o Brito cachaceiro

O rei do camarote rodeado de amigos

(...) Eu sou legal enquanto tenho dinheiro

É tão normal ter amigo interesseiro".

Política

Além da carreira artística, Brito também tem interesse no ramo político. Apesar de não dizer de forma explícita que é pré-candidato, ele usa o codinome Latrell Brito em publicações sobre política e, em muitas delas, se apresenta como solução para os problemas da cidade de Suzano. Nas publicações, ele costuma marcar o partido União Brasil.

"Cansou de pessoas que prometem e não tiram do papel? Prazer, eu sou o Latrell", diz ele em uma das publicações. "Em tempos de escolha, surge uma figura que representa mais do que apenas um nome. Latrell Brito personifica a essência de nossa cidade: diversidade, compromisso e progresso", diz em outra postagem.

Em nenhuma das postagens consta o cargo ao qual ele pretendia concorrer.

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