Carlos Bolsonaro: operação foi validada pela PGR e liberada por Moraes

A autorização para a Polícia Federal realizar as operações de busca e apreensão foram autorizadas pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes


A operação de busca e apreensão iniciada nesta segunda-feira (29) pela Polícia Federal (PF), que mira o vereador Carlos Bolsonaro , foi solicitada pela PF e ratificada pela Procuradoria Geral da República (PGR) antes de ser autorizada por Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A informação é do blog da jornalista Daniela Lima no G1. 

Até o momento, Carlos Bolsonaro não se pronunciou sobre a operação autorizada para a residência dele e para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro - assessores do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro também são alvos da PF.

O filho do presidente é um dos supostos beneficiados pelo  esquema de espionagem ilegal que utilizou paralelamente a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

A autorização da operação determinou que os investigadores buscassem documentos, computadores, tablets, celulares e outros dispositivos eletrônicos e quaisquer outros materiais relacioinados aos fatos investigados, "inclusive para que, caso não se encontre no local da realização da busca, proceda-se a apreensão de objetos e dispositivos eletrônicos de que tenha posse, bem como a busca em quartos de hotéis, motéis e outras hospedagens temporárias onde o investigado tenha se instalado, caso esteja ausente de sua residência".

No momento da chegada dos investigadores, Carlos e Jair Bolsonaro saíram de barco para o mar em Angra dos Reis, onde está localizada a casa do vereador. De acordo com a emissora de TV por assinatura Globo News, ambos retornaram ao domicílio, onde as buscas continuam e miram celulares de outros membros da família.


Carlos Bolsonaro é vereador desde 2001 e foi acusado de ser o chefe do “gabinete do ódio”, uma estrutura paralela montada no Palácio do Planalto para atacar adversários, instituições, o sistema eleitoral e a democracia brasileira. Quem apontou o nome dele foi o ex-ajudante de ordens e “braço-direito” de seu pai, o tenente-coronel Mauro Cid. 


A Polícia Federal suspeita que durante o mandato de Jair Bolsonaro, a Abin atuou como uma espécie de “braço” para coleta de informações ilegais, sem autorização judicial e invadindo celulares de adversários políticos da família do então presidente. 

O objetivo seria alimentar perfis de extrema direita nas redes sociais com informações falsas, difamando instituições e autoridades. Outra frente de investigação apura a possibilidade da Abin ter sido utilizada para blindar os filhos de Jair Bolsonaro, por meio de espionagem e interferências na Polícia Federal. 

Abin no “olho do furacão”

Na última quinta-feira (25), o ministro Alexandre de Moraes afirmou que o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem , era o responsável pelo funcionamento da “Abin paralela” para beneficiar a família de Jair Bolsonaro, de quem é aliado e afilhado político.

Entre autoridades espionadas estavam a ex-deputada Joice Hasselmann; o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT); e o presidente da Câmara dos Deputados entre 2016 e 2021, Rodrigo Maia.

No momento, Ramagem é deputado federal pelo PL, mesmo partido de Jair e Carlos Bolsonaro, e pretende lançar-se candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições deste ano.

Durante a operação de buscas da PF na sede da Abin, quando Ramagem era o principal alvo da investigação, o diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa, ficou irritado, referiu-se aos investigadores como “bandalha” e  realizou uma reunião de emergência enquanto disputava e tentava coibir o trabalho da polícia, se negando a fornecer o material relacionado ao trabalho dos policiais, argumentando que não havia uma autorização específica para acessar a rede da Abin.