Busca na Abin teve reunião de emergência e disputas com a PF

O diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa, teria se irritado e referido-se aos investigadores da Polícia Federal como 'bandalha'

Foto: redacao@odia.com.br (IG)
o diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa, ficou irritado e referiu-se aos investigadores como “bandalha”



A operação realizada pela Polícia Federal na última quinta-feira (25) na sede da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), em Brasília, criou tensão entre a cúpula da agência e os policiais federais.

De acordo com os depoimentos, o diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa, ficou irritado e referiu-se aos investigadores como “bandalha”. Antes de chegar ao posto de diretor da Abin, ele foi diretor da Polícia Federal entre 2007 e 2011, no segundo governo Lula.

A investigação da PF mira as ações de um grupo constituído pelo deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), quando ele foi diretor da agência no governo Bolsonaro, usando a estrutura da agência para espionar desafetos do ex-presidente e seus filhos. Essa equipe ficou conhecida como "Abin paralela".

Durante a operação, Corrêa convocou uma reunião com os diretores, para criticar as unidades que prestaram apoio para a investigação da CGU (Controladoria-Geral da União) e da PF sobre irregularidades na agência. A informação é da jornalista Natália Portinari, do portal UOL.


A diretoria da Abin também teria questionado os termos do mandado de busca e apreensão da PF e se negando a fornecer o material relacionado ao trabalho dos policiais, argumentando que não havia uma autorização específica para acessar a rede da Abin. 

Para pôr fim ao impasse, a PF pediu a expedição de novos mandados judiciais, incluindo a informação de que as buscas poderiam se estender a qualquer tipo de dado de posse da agência, inclusive nas residências e locais de trabalho dos policiais federais emprestados à Abin.

A PF cumpriu 21 mandados de apreensão com buscas em Brasília, Juiz de Fora (MG), São João Del Rei (MG) e Rio de Janeiro. Um dos endereços de busca era o Caop (Comando de Aviação Operacional) da Polícia Federal, chefiado até essa semana por Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho, delegado suspeito de integrar a "Abin paralela". Lá, foram encontrados indícios da queima recente de documentos.

A PF também encontrou sinais de patrimônio incompatível com a renda de policiais que tiveram suas residências como alvos da operação. Uma das hipóteses da PF é que tenha havido desvio de verbas secretas da agência, visto que Ramagem tinha acesso a elas.

Em nota, a Abin diz que colabora com os inquéritos sobre "eventuais irregularidades cometidas no período de uso de ferramenta de geolocalização, de 2019 a 2021", afirmando ser "a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos e continuará colaborando com as investigações".