A família de João Pimenta da Silva, o homem de 71 anos que morreu, na última quinta-feira (4), ao cair dentro de um buraco de 40 metros escavado dentro de sua própria casa, foi orientada a tampar o poço.
A orientação também foi feita ao proprietário do imóvel, segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. Segundo a corporação, foi indicado o uso de terra para a operação. As informações são do Globo.
"O risco [de desabamento] existe desde o início da escavação. O acompanhamento ficou a cargo dos engenheiros da Defesa Civil Municipal", disse o porta-voz do Corpo de Bombeiros, capitão Leonardo Schirm.
Sobre o resgate do corpo, a corporação informou que "com uso de EPIs apropriados para o acesso seguro do militar que realizaria descida, além de um cilindro de oxigênio em função de possíveis riscos respiratórios, a guarnição efetuou a retirada do corpo da vítima."
João "apresentava poli traumatismo, fraturas expostas nas duas pernas, fratura de quadril, laceração do abdômen e tronco, TCE grave, escoriações generalizadas, já sem sinais de vida" quando foi resgatado.
A Polícia Civil afirma que deslocou uma perícia oficial ao local, para realizar os trabalhos de praxe, e que o corpo do idoso foi encaminhado ao Posto Médico-Legal para ser submetido ao exame de necropsia. Agora a corporação aguarda conclusão dos laudos para constatar as circunstâncias e a causa da morte.
Relembre o caso
João Pimenta ficou obcecado após um sonho em que ele afirmava que um espírito lhe garantiu que havia ouro enterrado abaixo do piso da cozinha da casa. Após a suposta profecia, o idoso investiu dinheiro durante muito tempo na construção do túnel, que teve profundidade equivalente ao tamanho de um prédio de 13 andares.
O túnel cavado é mais profundo, inclusive, do que estações de metrô da cidade de São Paulo como, por exemplo, Pinheiros, que tem pouco mais de 31 metros de profundidade, segundo a Metrô CPTM.
No Rio de Janeiro, a estação Cardeal Arcoverde, que ganhou a fama de "batcaverna" entre os cariocas por conta de sua profundidade, tem apenas 2 metros a mais do que os 40 estimados pelos bombeiros no poço do aposentado.
Testemunha narra queda
Antônio Wilson Costa, um amigo do aposentado, estava no local no momento da queda do homem e conversou com a Inter TV, de Minas Gerais, sobre o ocorrido. Ele contou que foi chamado por João para ajudar a tirar água do buraco.
"Eu estava aqui trabalhando e ele veio me pedir ajuda para tirar a água do buraco. Tava batendo mais ou menos na cintura. Descemos a bomba e retiramos dois baldes de 18 litros. Ele resolveu retirar a bomba para guardar. Eu falei com ele para deixar para lá porque tava chovendo, parecia que alguma coisa tava tentando me fazer impedir ele. Ai montamos o elevador de novo e ele desceu até a metade do poço, depois ele resolveu voltar."
Segundo a testemunha, ao chegar no topo, o balanço, que servia de elevador e permitia ao aposentado subir e descer na escavação, escorregou. Isso fez com que o idoso ficasse preso por uma corda.
"Eu tentei segurei ele, sozinho, não tinha como pedir socorro. Mas se eu continuasse segurando eu ia junto. Eu só escutei o barulho", contou o homem, que relatou receber R$ 250 pelo serviço. Ele afirmou ainda que chamou o Corpo dos Bombeiros após a fatalidade.