O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que optou em "ficar" com as Forças Armadas, durante as crises que ocorreram no primeiro ano do terceiro mandato do presidente Lula, do que com a esquerda ou a direita.
"A esquerda com raiva, achando que as Forças Armadas quiseram dar um golpe, e a direita com raiva porque eles não deram o golpe. Então eu fiquei com as Forças Armadas, negociando com o Executivo e tentando defender as pessoas", disse o ministro em entrevista à Folha de S. Paulo se referindo, especificamente, à tentativa de golpe ocorrida em Brasília, em 8 de janeiro do ano passado.
O ministro ainda afirmou que tem "absoluta certeza que não houve golpe porque as Forças Armadas não quiseram".
"Essa é a minha verdade", disse ele na entrevista. "Porque, em todo movimento militar, os militares vão na frente e o povo vem atrás. Aqui, se eles quisessem um golpe, era cômodo, porque o povo foi na frente."
O ministro ainda se explicou do porquê ter defendido que os acampamentos em frente a bases militares, após a vitória de Lula na eleição presidencial passada, eram "manifestações da democracia", e esclareceu se de fato tinha parentes nestes protestos.
"Eu sempre gostei de dizer a verdade. Havia parentes mesmo", respondeu Múcio". "Até hoje eu tenho relações sequeladas com alguns parentes por conta dessa questão eleitoral. Alguns parentes não entenderam que eu vim trabalhar com o presidente Lula, alguns continuam bolsonaristas radicais, sofri alguns gestos pouco elegantes algumas vezes, mas aquilo foi verdade."
Ele continou: "Eu disse que eram gestos democráticos, eu ia dizer o quê? Ia dizer que os militares estavam errados? Eu vim para conciliar, vim para juntar. Eu ia dizer que o ambiente era proibido, o ambiente não era permitido, eu já estava fazendo um desafio ao comandante que estava de plantão."
Múcio disse também que não tem certeza se Bolsonaro teve participação na intentona golpista, mas que "inspirou algum movimento".
"Eu não sei [se o ex-presidente teve participação], as pessoas que se indignaram com a eleição do presidente Lula eram partidárias do outro candidato. Então ele pode não ter tido uma participação direta, mas inspirou algum movimento."