Pouco tempo depois de Flávio Dino ter tido seu nome aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado
para assumir como ministro no Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Sérgio Moro (União-PR) recebeu uma mensagem em seu celular alertando-o de que uma grande discussão estava acontecendo nas redes sociais e que seria melhor esconder o voto no ministro. O remetente, em seguida, aconselhou-o a manter a calma, mas também alertou que não deveria haver um vídeo do parlamentar declarando apoio ao ministro indicado por Lula.
Após uma imagem de Moro abraçando Dino durante a sabatina se tornar viral nas redes sociais, o jornal O GLOBO fotografou a tela do celular de Moro com as mensagens. O senador, conhecido por ser da oposição ao governo, não manifestou explicitamente seu voto contrário a Dino, o que gerou críticas contra ele.
"Sergio, o coro está comendo aqui nas redes, mas fica frio que jaja (sic) passa, só não pode ter vídeo de você falando que votou a favor, se não isso vai ficar a vida inteira rodando", diz o contato identificado no celular de Moro como "Mestrão". "Estou de plantão aqui, qualquer coisa só acionar", completa na mensagem. Em seguida, Moro responde: "Blz. Vou manter meu voto secreto".
Veja:
Procurado pelo jornal O GLOBO, o senador afirmou, por meio de sua assessoria, que a mensagem se deu porque "distorceram o posicionamento do parlamentar".
"A pessoa em questão, sem ter informação do voto do senador Sérgio Moro, fez a sugestão somente porque distorceram o posicionamento do parlamentar nas redes após cumprimento ao ministro Dino. Em resposta, o senador disse que iria manter o sigilo do voto, que é um instrumento de proteção contra retaliação", afirma.
Enquanto aguardava a votação no plenário, Moro também trocou mensagens com seu suplente, o advogado Luis Felipe Cunha. "Deltan desesperado. Me ligou, mandou mensagem e etc", escreve Cunha, em referência ao ex-procurador e ex-deputado Deltan Dalagnol, que coordenou a operação Lava-Jato.
Moro responde que também foi procurado. "Mandou msg aqui". Em seguida, pede conselhos: "Falo algo aqui? "O que acha?".
O Senado aprovou nesta quarta-feira (13) o nome do ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, para ocupar uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal).
No decorrer da sabatina, o senador negou que o abraço dado a Dino representasse um voto favorável e explicou que o gesto foi apenas um ato de cordialidade.
Ao longo da sessão, o ex-juiz da Lava-Jato enfatizou que a troca cordial de cumprimentos não deveria ser interpretada como um indicativo de voto em relação ao assunto em questão.
"Fui até aí cumprimentá-lo. É um gesto de cordialidade. Vossa excelência me perguntou algo e eu achei graça, dei uma risada. Tiraram várias fotos e já está viralizando, como se isso representasse a minha posição. Sempre deixei muito claro que eu tenho diferenças com o atual governo e vossa excelência faz parte do atual governo. Tenho diferenças profundas e tenho sido crítico, mas não perderei a civilidade. E não vou abrir mão disso para que possamos reduzir a polarização. Um gesto simples de ir ao cumprimentá-lo, como fiz com o procurador, já vira uma celeuma nas redes sociais como se isso fosse determinante do meu voto", disse o senador.