Caso Cariani: o que sabemos sobre o esquema envolvendo o influencer

A Polícia Federal (PF) de São Paulo concluiu o inquérito e indiciou o influenciador fitness Renato Cariani, após dez meses de investigações

Renato Cariani, influencer fitness e sócio da Anidrol
Foto: Reprodução: Redes Sociais
Renato Cariani, influencer fitness e sócio da Anidrol



A Polícia Federal (PF) de São Paulo concluiu o inquérito e indiciou o influenciador fitness Renato Cariani, após dez meses de investigações. Cariani é suspeito de desvio de produtos químicos para a produção de drogas destinadas ao narcotráfico.

No relatório final da PF, há o indiciamento do influenciador e de mais dois amigos – Fabio Spinola Mota e Roseli Dorth – pelos crimes de tráfico equiparado, associação para tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Renato Cariani nega as acusações.

A resolução do caso foi encaminhada para o Ministério Público Federal, que pode ou não acatar o requerimento e denunciar o grupo pelos crimes. Posteriormente, a Justiça Federal decidirá se os investigados deverão passar por julgamento pelas eventuais acusações.

De acordo com as autoridades, há provas de envolvimento dos três a partir de interceptações telefônicas e trocas de mensagens. A investigação, contudo, não pediu que os três fossem presos, e eles devem responder em liberdade, segundo informações do G1.

Os três foram alvo de uma busca e apreensão feita pela Polícia Federal no dia 12 de dezembro. Também foram cumpridos outros 18 mandados de busca nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

Início

Renato Cariani e Roseli Dorth são sócios da indústria química Anidrol, com sede em Diadema. As investigações relacionadas à empresa começaram em 2019.

À época, a empresa farmacêutica AstraZeneca pediu ao Ministério Público Federal para que investigasse as ações da Anidrol por conta de notas fiscais suspeitas emitidas em 2017. Segundo a AstraZeneca, a empresa teria emitido as notas referente a movimentações de produtos químicos que não reconheciam como suas.

Após a denúncia da AstraZeneca, a Cloroquímica também fez representações contra a Anidrol, seguindo na mesma linha, com notas fraudulentas emitidas entre abril e junho de 2017. Segundo a empresa, eles nunca tiveram acordos firmados com a farmacêutica de Cariani.

Em 2020, a LBS Labrosa também fez denúncias à PF, relando casos semelhantes as duas anteriores. Além da Anidrol, a empresa Quimiestest — companhia em que a esposa de Cariani é sócia — também foi envolvida no caso.

O esquema

A PF diz que a empresa de Cariani estaria desviando de solventes — acetato de etila, acetona, éter etílico, cloridrato de lidocaína, manitol e fenacetina —, para a produção de cocaína e crack. Dessa maneira, eles emitiam notas fraudulentas sobre as supostas vendas desses produtos para empresas de renome no mercado farmacêutico.

Segundo as investigações, Mota era o responsável por direcionar a estrega para o tráfico. Ele teria criado um e-mail falso, com o nome de um suposto funcionário da AstraZeneca, onde a Anidrol estaria negociando a compra dos produtos.

Ao todo, cerca de 60 notas foram identificadas como supostamente fraudulentas. Segundo o delegado responsável pelo caso, Fabrizio Galli, "o dinheiro foi depositado para a empresa investigada e as pessoas que haviam depositado esses valores não tinham vínculo nenhum com as empresas farmacêuticas".  A informação foi dada em entrevista ao canal GloboNews, na última terça-feira.

Ele ainda afirmou que as investigações mostram que os sócios tinham consciência sobre o esquema. "Há diversas informações bem robustecidas nas investigações que determinam a participação de todos eles de maneira consciente, não há essa cegueira deliberada em relação a outros funcionários, eles tinham conhecimento em relação ao que estava acontecendo dentro da empresa".

Dentre as provas citadas pelo delegado estão as trocas de mensagens entre Cariani e sua sócia, onde, ainda que antiga, mostravam que eles sabiam do monitoramento por parte da PF. Entretanto, em um vídeo publicado nas redes sociais, Cariani diz que foi surpreendido pela investigação.

Neste vídeo, Cariani nega o envolvimento no esquema e que os advogados ainda não tiveram acesso ao processo, por estar em sigilo de Justiça. "Fui surpreendido com um mandado de busca e apreensão da polícia na minha casa, onde eu fui informado que não só a minha empresa, mas várias empresas estão sendo investigadas num processo que eu não sei, porque ele corre em 'processo de justiça'. Então, meus advogados agora vão dar entrada pedindo para ver esse processo e, aí sim, eu vou entender o que consta nessa investigação"

Ele ainda completa: "Eu sofri busca e apreensão porque eu sou um dos sócios, então, todos os sócios sofreram busca e apreensão. Essa empresa, uma das empresas que eu sou sócio, está sofrendo a investigação, ela foi fundada em 1981. Então, tem mais de 40 anos de história. É uma empresa linda, onde a minha sócia, com 71 anos de idade, é a grande administradora, a grande gestora da empresa, é quem conduz a empresa, uma empresa com sede própria, que tem todas as licenças, tem todas as certificações nacionais e internacionais. Uma empresa que trabalha toda regulada. Então, para mim, para a minha sócia, para todas as pessoas, foi uma surpresa".

O influencer de 47 anos é conhecido por ser o maior apoiador do fisiculturismo brasileiro, tendo mais de 7 milhões de seguidores apenas no Instagram. Ele é casado com Tatiane Martines Cariani.