Evandro Guedes, dono do curso AlfaCon, já defendeu tortura em sala de aula
Reprodução
Evandro Guedes, dono do curso AlfaCon, já defendeu tortura em sala de aula


Nesta terça-feira (5) vídeos em que um professor de cursinho preparatório para concursos públicos de carreiras nas polícias repercutiu nas redes sociais. O ex-policial paranaense e dono do curso AlfaCon, Evandro Guedes , aparece em imagens gravadas durante uma de suas aulas ensinando os alunos a violentar corpos de mulheres mortas recém-chegadas ao necrotério.

“Imagina, você é virgem e passa num concurso de técnico de necrópsia, de nível médio, cê tá lá e vem uma menina do Pânico na TV morta, meu irmão, com aquele rabão, e ela infartou de tanto tomar bomba. Infartou na porta do necrotério, levou lá pra dentro. Duas horas da manhã, não tem ninguém, você bota a mão, huumm, quentinha ainda. O que cê vai fazer? Vai deixar esfriar? Meu irmão, eu assumo o fumo de responder pelo crime”, disse o ex-policial.

Nas imagens, Evandro faz descrições detalhadas e gráficas de necrofilia, que não reproduziremos aqui em respeito à audiência, pois são descrições violentas e muito perturbadoras. 

Evandro Guedes ainda chega a dizer que “vale a pena” responder pelo crime de vilipêndio de cadáver, porque “a pena é desse tamanhozinho”. De acordo com o artigo 212 do Código Penal Brasileiro, a punição pelo crime varia de um a três anos de detenção, e multa.


Com a repercussão do caso após o vídeo ter viralizado, o dono do AlfaCon tentou se justificar, mas acabou piorando ainda mais a situação.

“Primeiro, que se ela tá morta, ela não é mulher . Ela é um defunto, não é mais uma pessoa viva. Ela não tem personalidade jurídica, porque ela morreu”, disse o professor.

Evandro afirma ainda que a história que contou sobre uma “menina do Pânico na TV” trata-se de “uma ficção jurídica”. 

As páginas do curso AlfaCon nas redes sociais emitiram uma nota afirmando que “o vídeo foi editado de forma a parecer que o professor em questão era praticante do crime. O que não é verdade”. 

“O vídeo na íntegra deixa claro que se trata apenas de um exemplo fictício e caricato para ilustrar uma situação do direito penal. O vídeo é antigo, uma aula ao vivo do YouTube que foi retirada do ar para que nenhuma pessoa mais faça mau uso do conteúdo e em respeito a todos que possam se sentir ofendidos com a colocação. Ao longo dos nossos 13 anos de existência, mantemos uma firme convicção no poder transformador da educação como impulsionadora da mudança social e da estabilidade financeira.”

Empresário, armamentista e defensor de tortura: conheça Evandro Guedes

O dono do curso AlfaCon é ex-policial e sempre se refere a si mesmo como um “milionário”. Além de dar aulas em seu curso, ele também vende materiais didáticos sobre como trabalhar com negócios digitais na internet, prometendo alto retorno financeiro. 

Evandro já se envolveu em escândalos relacionados às suas aulas antes, ao defender a prática de tortura, proferir falas discriminatórias e humilhar estudantes críticos à sua postura.

O curso dele já chegou até a ser alvo de ações judiciais quando por ensinar os alunos a fazerem “câmaras de gás” como a que levou ao assassinato de Genivaldo de Jesus Santos, em Umbaúba (SE) , pelas mãos de agentes da Polícia Rodoviária Federal, que o asfixiaram no porta-malas de uma viatura. A vítima sofria de esquizofrenia e não havia cometido nenhum crime.

Em 2019, por exemplo, Guedes arremessou um apagador em um aluno, e o ofendeu, aparentemente porque ele estava usando o celular na sala. Dois anos depois, em uma entrevista, ele fez piadas e chamou o aluno atingido pelo apagador de “filho da puta” enquanto proferia ofensas homofóbicas contra o denunciante.

Em 2020, o dono da Alfacon chocou a internet ao contar um caso que teria ocorrido quando ele era policial militar no Rio de Janeiro, repleto de frases de cunho racista e elitista.

“O desgraçado do favelado. É isso mesmo, feio para caralho, mijou na latinha de Coca-Cola e mandou, num calor desgraçado 4 e meia da tarde num domingo. Aquela porra bateu nas minhas costas e até hoje eu tenho uma raiva… E a latinha subiu e o xixi veio, chegou a entrar no meu nariz, fiquei todo mijado. Porra, mijo de favelado, a porra dos favelados, a crioulada, todo mundo rindo. O capitão mandou bater em todo mundo. Foi o primeiro ato de execução de maldade e crueldade que eu fiz, puta que pariu. Ali eu descobri que eu gosto de bater nas pessoas, e ponto. É uma coisa que eu gosto de fazer, e tive que me controlar por anos para não dar merda.”

Relação com o “clã” Bolsonaro

Evandro Guedes e Eduardo Bolsonaro
Reprodução/Facebook de Eduardo Bolsonaro
Evandro Guedes e Eduardo Bolsonaro


Sua atividade empresarial já chamou atenção no passado, quando Jair Bolsonaro, ainda na posição de Presidente da República, fez propaganda do AlfaCon, desejando sorte aos alunos que fizeram provas dos concursos para Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal em 2021. 

“Olá, estudantes da AlfaCon. Vocês que estão se preparando para esse concurso para a Polícia Federal, boa sorte, hein! Não é impossível, não. É difícil, e nós acreditamos em você. Estamos juntos. E o ano que vem vou dar posse pra todos vocês. Valeu”, disse Bolsonaro. A atitude viola a Constituição Federal e o Código de Conduta da Alta Administração Federal.

Além de Bolsonaro, Evandro Guedes também se declara amigo pessoal de Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente. Em entrevista concedida a um podcast cerca de um ano atrás, Evandro contou que estava junto a Eduardo quando ele afirmou que para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF) não precisa de tanques, apenas de “um cabo e um soldado”.  



Em 2018 (ano eleitoral), uma postagem de Eduardo no Facebook exibia uma foto com Evandro Guedes junto a um texto elogioso a ele e à sua empresa . Em 2022, Evandro voltou a fazer campanha em prol da eleição de Jair Bolsonaro

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!