Horário de verão vai voltar? Quem defende e quem é contra a medida
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Horário de verão vai voltar? Quem defende e quem é contra a medida

Logo após ser eleito em 2022 para um novo mandato, o presidente  Luiz Inácio Lula da Silva (PT)  realizou uma  enquete no X (rede social anteriormente conhecida como Twitter ), perguntando aos seus seguidores se eram a favor ou contra o retorno do horário de verão. Com uma participação de mais de 2 milhões de votos, a opção "sim" venceu com uma maioria de 66,2%.

Até o momento, o Ministério de Minas e Energia diz não haver necessidade de implementação do horário de verão no Brasil neste ano . "Em virtude do planejamento seguro implantado pelo ministério desde os primeiros meses do governo, os dados não apontam, até o momento, para nenhuma necessidade de implementação do horário de verão", defendeu em nota.

O ministro da pasta, Alexandre Silveira, afirmou, na última semana, que o horário de verão só será restabelecido no Brasil caso existam evidências de que há necessidade de suprimento do setor elétrico. “O horário de verão só acontecerá, é evidente, se tiver sinais e evidências de uma necessidade de segurança de suprimento do setor elétrico brasileiro. Por enquanto, não tem sinais nenhum nesse sentido”, explicou.

Na sociedade, a retomada do horário de verão tem maioria, mas, ao que tudo indica, o governo não deve se movimentar nesse sentido, já que não há, segundo Minas e Energia, evidências que sustentem a necessidade de retomada.

O horário de verão, uma prática instituída pela primeira vez no Brasil em 1931 durante o governo de Getúlio Vargas, só passou a ser adotado de forma consistente a partir de 1985. Essa estratégia, que consistia em adiantar os relógios em uma hora de outubro a fevereiro, visava economizar energia.  No entanto, em 2019, o governo Bolsonaro optou por extinguir o horário de verão no país. 

A medida é adotada em diversas partes do mundo, tendo como um dos principais motivadores a economia de energia. Ao longo dos anos, o Brasil experimentou várias interrupções nesse sistema. A última sequência significativa de adoção do horário de verão ocorreu de 1985/1986 até 2018/2019, quando a prática foi finalmente extinta.

Para compreender o funcionamento do horário de verão, é importante observar o seguinte processo: no início, os relógios são adiantados em uma hora a partir da meia-noite da data de início. Ou seja, quando os relógios marcam 0h, devem ser adiantados para 1h. No final do horário de verão, os relógios são atrasados em uma hora. Quando é meia-noite na data de término, ou seja, quando os relógios marcam meia-noite, devem ser ajustados para 23h.

Quem defende a volta do horário de verão?

“Defendo muito a volta do horário de verão. Porque além da economia de energia significativa, a iniciativa traz um maior movimento ao comércio, melhorando as perspectivas econômicas neste sentido, pois as pessoas consomem mais, saem mais”, defende Daiane Santana, professora de geografia e aluna na Pós-graduação na Universidade de São Paulo (USP). “Além disso, existe uma questão de saúde pública: no horário de verão as pessoas saem mais e vão mais à academia, se movimentam”, finaliza. 

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) solicitou ao governo federal o retorno do horário de verão. Segundo a associação, caso a medida seja reintroduzida, ela resultaria em um aumento no faturamento de 10% a 15% . A Abrasel argumenta que o horário de verão impulsionaria a economia, especialmente nos setores de comércio e turismo, uma vez que os turistas tendem a prolongar suas atividades até mais tarde, beneficiando destinos turísticos.

“O retorno do horário de verão proporcionaria mais tempo de luz natural durante os dias, o que favorece o consumo e a frequência de clientes nos estabelecimentos, além de trazer mais movimento e segurança às cidades de modo geral. Além disso, seria favorável para todo o país, afinal contribui para a economia de energia e reduz custos operacionais nas empresas, mesmo que não estejamos no momento com risco de desabastecimento”, afirma Paulo Solmucci, presidente da Abrasel.

Em entrevista ao Portal iG, Fernando Blower, Presidente do Sindicato de Restaurantes e Bares do Rio de Janeiro ( SindRio ) defende que a retomada do horário de verão beneficia restaurantes e bares, pois favorece o horário do happy hour. “A sensação de segurança, de bem-estar a medida que a luz do dia ainda está presente faz com que as pessoas tendam a ficar na rua por mais tempo. Isso era um comportamento que se via durante décadas e que beneficia diretamente o setor”, defende.

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