Levantamento exclusivo feito pelo iG com base nos números disponibilizados pela Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo (SSP-SP) mostram que, neste ano, a Avenida Paulista liderou o ranking de mais furtos e roubos de celulares entre todas as ruas da capital. Em seguida, aparece a Rua Augusta, que conecta o bairro dos Jardins à região central da cidade, constante alvo de ação de criminosos.
Depois, estão a Rua da Consolação e a Avenida do Estado, também no Centro, região conhecida por roubos enquanto os carros estão parados no trânsito e no semáforo. Os endereços se tornaram alvos recorrentes da chamada "gangue da pedrada", que são os criminosos que quebram vidros de veículos para furtar celulares.
No entanto, outros bairros também apareceram entre as 20 ruas mais perigosas, como o de Pinheiros, localizado na Zona Oeste e considerado um dos mais nobres da cidade. A Rua Henrique Schaumann, por exemplo, que ocupou a 12ª posição no ranking, teve 352 roubos e furtos neste ano, mas 316 deles ocorreram no mês de fevereiro. A maioria se deu durante o feriado prolongado do Carnaval, ocorrido entre os dias 18 e 21 daquele mês.
O mesmo pôde ser observado com a Rua dos Pinheiros, no mesmo bairro, que registrou 329 celulares subtraídos, sendo que 271 deles foram roubados em fevereiro.
Confira, no gráfico abaixo elaborado pela reportagem, os 20 endereços que mais tiveram aparelhos celulares subtraídos neste ano. Para acessar o número de roubos e furtos, basta passar o mouse por cima de cada barra:
Ainda na Zona Oeste, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, ponto comercial e empresarial da região, placas foram espalhadas pelas calçadas para alertar sobre o "alto índice de roubo de celular" no local. De acordo com os dados da SSP, o endereço apareceu em quinto lugar, com 745 celulares subtraídos em 2023.
Já no Centro de São Paulo, apesar de alguns endereços da região aparecerem no ranking, a Polícia Militar afirmou que, de 4 a 10 de setembro, houve uma redução de 31% nos roubos pela 23ª semana consecutiva nos bairros Campos Elíseos e Santa Cecília. Em comparação com o mesmo período do ano passado, a queda foi de 139 para 96 ocorrências.
A PM informou ter reforçado o policiamento ostensivo na região, com mais de 120 policiais diariamente nas ruas do Centro da capital, e que a Polícia Civil intensificou as investigações para prender grandes responsáveis pelo tráfico de drogas que abastece a região da Cracolândia.
Metodologia
Os números usados no gráfico constam na página de Transparência da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Para realizar o levantamento, a reportagem analisou os dados de janeiro a julho deste ano, que somam mais de 200 mil linhas de conteúdo, filtrando pelos crimes de roubo e furto de celulares. Também foi feito o recorte das ruas e avenidas apenas da cidade de São Paulo.
Para coletar os números, a reportagem considerou apenas os roubos e furtos ocorridos em vias públicas, acostamentos, ciclofaixas, semáforos, túneis, viadutos, vielas e em veículos em movimento. Os crimes desse tipo reportados dentro de estabelecimentos, por exemplo, foram desconsiderados.
Ao analisar as ocorrências, foram deletadas as linhas duplicadas, com base na coluna "número do B.O.", extraída da planilha.
Para realizar o gráfico, foi considerada a quantidade de celulares subtraídos e não o número de roubos. Caso o criminoso tenha furtado três aparelhos em apenas uma ocorrência, por exemplo, o esboço contabiliza como três, e não como um.
Ao ser questionada pelo iG sobre os índices, a SSP informou que indicadores criminais de distritos policiais, bairros e ruas diferentes não devem ser alvo de comparação, já que "cada região possui características sazonais e geográficas diferentes".
A pasta também disse estar "empenhada no desenvolvimento de políticas de combate aos roubos e furtos de celulares em São Paulo com foco principalmente em receptadores". De acordo com a nota, uma rede clandestina de receptadores de aparelhos telefônicos foi identificada após ações desenvolvidas pela polícia.
O comunicado ainda citou a prisão do receptador Amadou Diallo no mês passado, no Centro da capital. O homem é apontado como "o maior receptador de celulares do país" pela Polícia Civil e, com ele, foram apreendidos 312 aparelhos.
"A 'Operação Mobile' é realizada periodicamente e foi responsável pela apreensão de 3553 celulares entre janeiro e agosto em todo o Estado. Destes, 1584 foram devolvidos aos proprietários. O policiamento também segue intensificado pela Polícia Militar por meio da 'Operação Impacto', que tem como objetivo aumentar a presença policial nas áreas de maior incidência criminal, com a ampliação de pontos de estacionamento de viaturas, base comunitária, além de patrulhamento a pé e por motocicletas", concluiu a SSP.