Roubos e assaltos em SP: como se proteger de delitos na capital?

Especialistas orientam como evitar chamar a atenção de criminosos andando na rua ou dentro de um veículo

Foto: Reprodução / redes sociais - 14.12.2022
Imagem mostra caso de furto de celular registrado na Avenida Rio Branco, no Centro de São Paulo, em dezembro do ano passado

Pedestres e veículos vêm sendo cada vez mais alvos de ações de criminosos nas ruas da  região central da cidade de São Paulo. Nos últimos meses, imagens da chamada "gangue da pedrada" vêm tomando conta das redes sociais, assustando moradores da capital e até mesmo pedestres que precisam passar pelo local para trabalhar.

Além da ação contra os carros, a dispersão dos dependentes químicos da Cracolândia tem feito com que estabelecimentos fechem as portas cada vez mais cedo. Vídeos registrados por moradores das janelas de prédios da região mostram  saques a lojas em plena luz do dia.

Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP), nos primeiros sete meses do ano, a região central quebrou o recorde com um roubo a cada meia hora, considerando a série histórica desde 2001. O 3º Distrito Policial - Campos Elíseos lidera em registros de assaltos.

O iG conversou com especialistas, que listaram algumas dicas de como tentar se proteger de roubos e assaltos e não se tornar um "alvo fácil" para criminosos. No caso de pedestres, a fim de evitar abordagens, Ricardo Pastrana, subinspetor da Guarda Municipal de Florianópolis (GMF) e pós-graduado especialista em segurança pública, indica:

  • Não caminhar de cabeça baixa, olhando para o celular ou distraído;
  • Não dar atenção a desconhecidos que tentarem puxar assunto na rua;
  • Caso a pessoa se sinta perseguida ou ameaçada de alguma forma, a recomendação é que entre em algum estabelecimento para que o suspeito desista;
  • Procurar, sempre que possível, andar acompanhado;
  • Manter itens de valor, como celular e carteira, no bolso da frente ou, caso o indivíduo esteja carregando uma bolsa, que ela fique também na parte da frente e junto ao corpo.

Já no caso de veículos, as recomendações são:

  • Ao se aproximar de semáforos fechados, desacelerar e fazer o possível para não parar o carro. Caso pare, o ideal é manter distância do veículo da frente para facilitar uma fuga, se for necessário;
  • Não deixar objetos de valor (bolsas, celulares, carteiras etc) à mostra ou outros itens maiores, como mochilas, à vista nos bancos, tanto nos da frente quanto nos de trás;
  • Colocar os pertences embaixo do banco para que os bandidos não tenham acesso a eles e desestimular esse tipo de ação;
  • Sempre transitar com os vidros fechados;
  • Se possível, instalar películas antivandalismo, que oferecem uma espécie de "blindagem parcial" dos vidros dos carros. Elas não são à prova de balas, mas deixam o vidro do veículo "muito mais forte", evitando um possível ataque.
  • Usar películas que escurecem o vidro — dentro da norma permitida —, pois isso também dificulta que suspeitos consigam ter uma visão do interior do carro.

Evitar ruas e avenidas que são conhecidas pelo alto número de delitos, como a Avenida do Estado e a Rua do Glicério, no Centro de São Paulo, também entram para a lista de como evitar esse tipo de ocorrência.

Caso o motorista consiga perceber uma movimentação suspeita perto do carro, Pastrana recomenda que ele mantenha o veículo em baixa velocidade, sem "colar" no carro da frente. "Se possível, o condutor pode avançar no sinal vermelho — claro que com cuidado para não causar uma colisão. A infração de trânsito pode ser cancelada, porque, geralmente, o infrator aparece na foto do sistema", explica.

Dados da última atualização da Secretaria da Segurança Pública mostram que houve aumento de 5,4% no número de roubos e 8,9% no de furtos na região central da capital paulista de janeiro a julho deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Conforme os índices levantados pelo iG , somente em roubos, houve um acréscimo de 454 ocorrências, passando de 8.364 para 8.818 incidentes. Já no número de furtos, o crescimento foi de 1.532 incidências (de 17.302 para 18.834).

Os dados foram coletados considerando as ocorrências registradas na 1º DP (Sé), no 2º DP (Bom Retiro), no 3º DP (Campos Elíseos) e no 77º DP (Santa Cecília).

No caso de veículos ou quando a pessoa for entrar em casa, Alan Fernandes, professor da FGV EAESP e especialista em segurança pública, também indica que o indivíduo saque as chaves do bolso, mochila ou bolsa com antecedência. Dessa forma, ele evita ficar parado em frente ao carro ou à residência por muito tempo, especialmente durante a noite ou em locais com pouco movimento.

Caso a vítima seja abordada por um criminoso, independente da situação, a orientação é não reagir. "A recomendação que nós damos é se colocar a mercê da ação criminosa, infelizmente, atender aos comandos dos criminosos, não esboçar nenhuma reação, não fazer movimentos bruscos e avisar os movimentos que serão feitos para diminuir os riscos quanto ao eventual disparo de uma arma de fogo ou de uma facada", afirma o especialista.

De acordo como o Manual de Segurança do Cidadão, da  Polícia Militar de São Paulo, caso a pessoa se veja em uma situação de assalto, a indicação é ligar para a polícia assim que for possível, pelo telefone 190, transmitindo a descrição exata, com detalhes do ocorrido.

Além disso, é importante que todas as ocorrências sejam registradas em uma delegacia de polícia para que as autoridades sejam notificadas sobre a incidência daquele tipo de crime.

Ao ser questionada pelo  iG sobre os índices, a SSP disse que as "ações integradas das forças policiais contribuíram para a redução de 1,5 mil vítimas de roubos e furtos na região do 3º e 77º Distrito Policial nos últimos cinco meses". Em nota, a secretaria afirmou que, desde abril, os crimes estão em queda, tendo havido uma redução de mais de 30% no número de roubos e 20% no de furtos, além de um aumento de 73,4% de prisões neste ano.

A SSP ainda disse que a Polícia Militar aumentou o efetivo diário de agentes nas ruas, com mais 300 policiais, e citou a Operação Resgate, deflagrada pela Polícia Civil, que prendeu 555 pessoas até 3 de setembro.

"As equipes policiais também mantêm contato com comerciantes e moradores para ouvir as principais demandas e elaborar políticas de enfrentamento à criminalidade", concluiu.