Volta dos desfiles militares
Após dois anos de pausa nos desfiles militares por conta da pandemia da Covid-19, a data marcou o retorno do evento às cidades brasileiras.
O dia marcou o bicentenário da Independência do Brasil e se somou com as incertezas políticas que o país passava. Além de manifestações a favor do governo da época, a data foi marcada por dois discursos do então presidente para apoiadores em Brasília e no Rio de Janeiro. Veja os principais destaques.
Após dois anos de pausa nos desfiles militares por conta da pandemia da Covid-19, a data marcou o retorno do evento às cidades brasileiras.
Na Esplanada dos Ministérios, o então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), iniciou o desfile presidencial. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro (PL), abriu a cerimônia, sendo seguida pelos presidentes de Portugal, Cabo Verde e Guiné-Bissau,
O vice-presidente, Hamilton Mourão, o empresário dono da loja Havan, Luciano Hang, o fundador da Record, o bispo Edir Macedo, o empresário e fundador do SBT, Silvio Santos e o vice-presidente da RedeTV!, Marcelo de Carvalho, estiveram presentes durante o discurso do então presidente.
No discurso em Brasília, Bolsonaro disse: “Somos uma pátria majoritariamente cristã que não quer a liberação das drogas, que não quer legalização do aborto, que não admite a ideologia de gênero, um país que defende a vida desde a concepção, que respeita as crianças dentro da sala de aula, que respeita a propriedade privada e que combate a corrupção para valer".
“É obrigação de todos jogarem dentro das quatro linhas da constituição. Com a minha reeleição, nós traremos para as quatro linhas todos aqueles que ousam ficar fora dela", fazendo alusão às operações contra os empresários, que foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
“Sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal, um mal que perdurou por 14 anos em nosso país, que quase quebrou a nossa pátria e que agora deseja voltar à cena do crime. Não voltarão. O povo está do nosso lado. O povo está do lado do bem. O povo sabe o que quer", dizendo sobre a candidatura de Lula (PT)
No discurso, Bolsonaro ainda entoa um grito que diz: “Imbrochável, imbrochável, imbrochável, imbrochável, imbrochável.”
Após o fim do desfile em Brasília, o então presidente decolou para o Rio de Janeiro, onde discursou para apoiadores na praia de Copacabana. Antes de chegar ao local, ele participou de uma motociata com os apoiadores.
Estavam junto ao ex-presidente o general Braga Netto (PL), o pastor Silas Malafaia, o empresário Luciano Hang e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Novamente, ele defendeu os empresários que foram alvos da operação aprovada pelo STF.
“Hoje estive com os empresários acusados de golpistas. Pelo amor de Deus. Eles tiveram a privacidade violada. Queremos que os empresários e que vocês tenham liberdade para decidir o seu futuro"
Bolsonaro ainda comentou sobre a pandemia durante o discurso: “Problemas não faltaram para o mundo todo, em especial na economia. Lamentamos todas as mortes. Mas na economia, o nosso governo deu o seu exemplo. Somos hoje referência para o mundo todo."
“Não adianta a esquerda nos atacar. Não estamos do lado da Venezuela. Tampouco do lado da Nicarágua, que prende padres, expulsa feiras e fecha rádios e televisões católicas. O nosso governo respeita a nossa carta da democracia, que é a nossa Constituição.”
Após o fim do discurso, Bolsonaro foi para o Maracanã, local onde foi recebido com vaias.
Além dos tradicionais desfiles cívico-militares, a data foi marcada por diversas manifestações a favor e contra o ex-presidente.
Com cartazes com tom golpista, escrito em diversos idiomas — inglês, espanhol, francês e alemão —, diversas cidades foram tomadas por manifestantes usando camisa verde e amarelo.
Dentre os pedidos, estava o do impeachment de ministros do STF, intervenção militar no país e a criminalização do comunismo. O objetivo era conseguir disseminar os pedidos para os outros países.
"We want printed ballots —with public counting votes", "out communism", "we the people want the end of the toga dictatorship" e "president Bolsonaro trigger FFAAS", são exemplos dae mensagens que foram exibidas pelos manifestantes.
Ainda que a data tenha tido algumas manifestações contra o ex-presidente, eles só tomaram força no dia 10 de setembro. A Central de Movimentos Populares (CMP), a Marcha Mundial de Mulheres (MMM), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e a União dos Negros por Igualdade (UNEGRO) foram as entidades responsáveis pela organização.
Na ocasião, Lula comentou os discursos feitos por Bolsonaro: "Ao invés de discutir os problemas do Brasil, tentar falar para o povo brasileiro como ele vai responder o problema da educação, da saúde, do desemprego, do arrocho do salário mínimo, ele tenta falar de campanha política e tenta me atacar".