Padilha tenta reduzir mal-estar por demissão da ministra Ana Moser

Para o ministro, a chegada do PP e Republicanos ao governo 'valoriza a política', e Ana Moser ainda pode contribuir com o esporte brasileiro fora do ministério

Foto: Ricardo Stuckert/ Presidência
André Fufuca, o minitro Alexandre Padilha e o novo ministro Silvio Costa Filho


Após a demissão da ministra dos Esportes e ex-jogadora de vôlei, Ana Moser, para acomodar os partidos Republicanos e PP na base do governo Lula, Alexandre Padilha, atual ministro das Relações Institucionais, agiu para apaziguar o desconforto e descontentamento gerado pela minirreforma ministerial.

Ele disse que a agora ex-ministra poderá seguir colaborando com os esportes, e que a entrada de partidos que apoiaram Bolsonaro na base de Lula “valoriza a política”.



Para acomodar André Fufuca (PP) e Sílvio Costa Filho (Republicanos) na Esplanada dos Ministérios, o governo decidiu realocar Márcio França, que deixou a pasta de Portos e Aeroportos (agora sob o comando de Silvio) e foi remanejado para o recém-criado Ministério das Micro e Pequenas Empresas. 

Dessa forma, a única pessoa demitida do governo para acomodar partidos do Centrão foi a ex-ministra Ana Moser. O mal-estar aumentou com a divulgação de uma nota oficial da Secretaria de Comunicação Institucional do Governo, que comunicava as mudanças nos ministérios citar o nome ou agradecer pelo trabalho de Ana. 

Até o momento, o presidente Lula também não fez nenhuma fala oficial a respeito, nem veio a público agradecer à ex-ministra, embora Alexandre Padilha afirme que o presidente fez esse agradecimento pessoalmente.


Em nota, a equipe de Ana Moser não escondeu seu descontentamento com a decisão tomada pelo presidente Lula ao demiti-la, expressando “tristeza e consternação” , além de lamentar a “interrupção temporária de uma política pública de esporte inclusiva, democrática e igualitária no governo federal".

A ex-ministra também lamenta não ter tido tempo o suficiente para consolidar os resultados de seus esforços e projetos à frente da pasta no sentido de cumprir a promessa de ampliar o direito ao esporte no país de forma plena.

“Tivemos pouco tempo para mudar a realidade do Esporte no Brasil, mas sei que entregamos muito, construímos muito e levamos a política do presidente Lula aos que tivemos contato de norte a sul deste país. Continuarei lutando e contribuindo para uma política pública de esporte que seja para todas, todos e todes. Agradeço aos que tiveram comigo percorrendo este caminho curto e árduo”, diz a nota.


Para reduzir a animosidade que o evento está causando, o ministro Alexandre Padilha afirmou que apesar da demissão de Moser, ela poderá seguir colaborando com o esporte brasileiro, e o compromisso do governo permanece o mesmo. 

“Podemos ter uma mudança dos jogadores que estão em quadra, mas não muda a estratégia, o plano tático, objetivos do time. No próprio vôlei acontece de o treinador ter que tirar em certo momento do jogo sua maior ponta de rede para colocar um libero, para melhorar a defesa, encontrar um passe. Então, é uma mudança de quem está na quadra, mas não muda os compromissos com o esporte brasileiro”, disse o ministro das Relações Institucionais. 

Ampliação da base com partidos “independentes”

Foto: Montagem
André Fufuca (à esquerda) e Silvio Costa Filho (à direita) são os novos ministros de Lula


Padilha também comemorou a entrada de partidos do Centrão que apoiaram Bolsonaro na base do governo Lula III, a partir da escolha de Fufuca e Silvio Costa Filho para as pastas de Esportes e de Portos e Aeroportos.  

"É bom valorizar a política. O último período em que se tentou criminalizar ou desvalorizar a política levou à aventura golpista de 8 de janeiro. Então esse desfecho valoriza a política", disse o ministro.

Alexandre Padilha também minimizou o fato desses partidos seguirem alegando que são “independentes” ao mesmo tempo em que passam a integrar, formalmente, a estrutura de governo.

Para isso, ele disse que o compromisso da gestão é para “que aquilo que a bancada já vem garantindo de aprovação dos projetos fundamentais, permitindo retomar o crescimento econômico, a recriação de programa sociais, e rechaçar o golpismo de 8 de janeiro".