A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) apontou em um relatório que grupos neonazistas buscaram se associar com os movimentos golpistas que surgiram após a derrota de Jair Bolsonaro (PL), nas eleições presidenciais de 2022. Segundo o relatório que foi divulgado pelo jornal O Globo nesta quarta-feira (30), os grupos supremacistas utilizavam bandeira que simboliza a ideologia capitaneada por Adolf Hitler.
A Abin identificou cinco grupos no aplicativo de mensagem Telegram. Ao todo, eles somam cerca de 2.800 membros, e estimulam ideias de “narrativas de deslegitimação” das instituições.
O relatório foi produzido entre 25 de novembro e 1º de dezembro de 2022, momento em que as tensões sociais no país cresciam. No Brasil, diversos manifestantes bolsonaristas haviam fechado as estradas e ocupado os QGs do Exército, pedindo que tivesse uma atuação da corporação contra os resultados das urnas. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu as eleições presidenciais, com 50,9% dos votos válidos.
As células neonazistas haviam crescido no país no último ano. Desde 2019, tais grupos cresceram mais de 270%, segundo um estudo da antropóloga Adiana Dias.
No relatório, a Abin ressalta: "Até o pleito eleitoral de 2022, não se identificava histórico de envolvimento sistemático de grupos supremacistas e neonazistas com pautas políticas e manifestações. Apesar disso, em monitoramento de grupos virtuais utilizados para disseminação de conteúdo supremacista na conjuntura eleitoral, observou-se aumento da interação e da visualização”.
Os eixos de atuação dos grupos supremacistas após as eleições teria sido, segundo a Abin, o levantamento de suspeitas de fraude nas urnas, apoio aos bloqueios de estradas e na disseminação de panfletos que convocam à "luta contra comunistas”.