Pesquisa revela queda no índice de crianças na escola
Marcelo Camargo/Agência Brasil - 12.05.2023
Pesquisa revela queda no índice de crianças na escola

A parcela de crianças de 4 e 5 anos matriculadas nas escolas do Brasil caiu de 92,7% para 91,6% entre 2019 e 2022. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgados nesta quarta-feira (7).

Segundo o IBGE, ainda que não tão expressiva, a queda é estatisticamente relevante. Desde o início da série histórica (2017), o índice nunca havia caído.

A redução na proporção de alunos matriculados afasta o país da meta de universalização do acesso à pré-escola, estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE) e que deveria ter sido alcançada em 2016.

Com o fechamento prolongado das escolas na pandemia, acesso limitado ao ensino remoto e atraso na vacinação infantil, é possível que pais tenham retirado os filhos da pré-escola temporariamente. Crianças mais novas foram as mais afetadas, dificultando a rotina de estudos online. A falta de acesso à pré-escola prejudica o aprendizado e afeta principalmente crianças pretas, em situação de pobreza, filhas de mães jovens e com baixa escolaridade, segundo especialistas.

Conheça outros destaques da pesquisa:

Ensino fundamental

Desde 2016, o acesso à escola para crianças de 6 a 14 anos no Brasil é praticamente universalizado, com uma porcentagem alta de 99,4% em 2022.

No entanto, o problema surge quando analisamos a etapa de ensino em que essas crianças estão matriculadas de acordo com sua idade. Em 2022, apenas 95,2% dos alunos de 6 a 14 anos estavam no ensino fundamental, que é o adequado para essa faixa etária.

Esse número é menor do que em 2019 (97,1%), o que indica que algumas crianças estão na escola, porém na etapa errada, possivelmente ainda na educação infantil mesmo após os 6 anos. Isso pode ser um reflexo da pandemia nessa faixa etária. Apesar da queda para 95,2%, o Brasil ainda está acima da meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que visa garantir que, até 2024, pelo menos 95% dos estudantes concluam o ensino fundamental na idade correta.

Ensino médio

Um marco histórico foi alcançado no Brasil, pois, pela primeira vez, mais da metade da população adulta, cerca de 53,1%, havia concluído o ensino médio. No entanto, é possível observar uma clara disparidade racial nesse indicador educacional.

Enquanto 60,7% dos indivíduos brancos haviam completado a educação básica, apenas 47% dos negros apresentaram esse mesmo nível de escolaridade. Além disso, houve um aumento no percentual de pessoas acima de 25 anos que concluíram o ensino superior, subindo de 17,5% em 2019 para 19,2% em 2022. Esses dados refletem mudanças significativas na educação do país e evidenciam a necessidade contínua de promover maior igualdade educacional, especialmente no que se refere às questões raciais.

Analfabetismo

No ano de 2022, cerca de 9,6 milhões de pessoas no Brasil eram consideradas analfabetas, incapazes de realizar a escrita de um bilhete simples. Esse número representa aproximadamente 5,6% da população com 15 anos de idade ou mais. Em comparação com o levantamento anterior realizado em 2019, houve uma diminuição de 0,5 ponto percentual nesse índice.

Apesar dessa queda, o país ainda está distante da meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que visa erradicar o analfabetismo até o ano de 2024. Ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar esse objetivo ambicioso.

É importante ressaltar que mais da metade dos indivíduos analfabetos, ou seja, 55,3%, concentra-se na região Nordeste do país. 

Creches

A taxa de matrícula de crianças de 0 a 3 anos nas creches foi de 36%, mantendo-se estável em comparação com o ano de 2019. No entanto, ainda estamos distantes da meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que busca expandir a oferta de vagas para atingir 50% das crianças nessa faixa etária.

A pesquisa também identificou os principais motivos pelos quais as crianças de 2 e 3 anos estão fora das creches. Em 51,3% dos casos, essa é uma escolha dos pais, optando por não matriculá-las nas instituições. Já em 39,7% dos casos, o motivo é a falta de vagas disponíveis, indicando um problema na oferta de creches.

Ensino médio


A taxa bruta de escolarização entre os jovens de 15 a 17 anos em 2022 apresentou um aumento significativo, alcançando 92,2%, um acréscimo de 3,2 pontos percentuais em relação a 2019.

Essa melhora é estatisticamente relevante, considerando a alta taxa de evasão escolar nessa faixa etária. No entanto, é importante ressaltar que essa taxa não leva em consideração se os alunos estão na etapa correta de ensino. Apesar desse avanço, o Brasil ainda não atinge a meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE) em todas as regiões, já que nenhum lugar alcança 100% de acesso à educação nessa faixa etária.

Quando consideramos a taxa líquida, levando em conta a adequação da idade, observamos que 77,2% dos jovens de 15 a 17 anos estavam frequentando o ensino médio ou já haviam concluído essa etapa na idade adequada. Houve uma melhora em relação a 2019, quando esse índice era de 71,3%, mesmo diante dos desafios impostos pela pandemia. No entanto, ainda estamos distantes da meta estabelecida pelo PNE, que busca atingir 85% de matriculados na idade correta no ensino médio até 2024.

Evasão escolar

O abandono escolar é mais frequente aos 16 anos, de acordo com dados da Pnad. Cerca de 40% dos 9,5 milhões de jovens entre 14 e 29 anos que não concluíram o ensino médio atribuem essa situação à necessidade de trabalhar. Entre as mulheres que abandonaram os estudos, 10,3% mencionaram as tarefas domésticas como motivo, enquanto entre os homens, apenas 0,6% deram essa justificativa.

Universidade

Em 2022, aproximadamente 30,4% dos adultos com idades entre 18 e 24 anos estavam matriculados em algum tipo de estudo, seja na escola ou na universidade. Esse número é semelhante ao registrado em 2019. Entre esses jovens, cerca de 25% estavam cursando ou já haviam concluído o ensino superior. No entanto, o país ainda está abaixo da meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que é alcançar 33% de matrículas nessa categoria até 2024.

Trabalho e estudo


Em 2022, o IBGE realizou uma análise sobre o número de brasileiros que estavam sem trabalhar e sem se qualificar, ou seja, fora da escola, faculdade, cursinhos pré-vestibular, ensino técnico e qualificação profissional. Entre as pessoas com idades entre 15 e 29 anos, cerca de 20% estavam nessa situação conhecida como "nem-nem" - ou seja, não estudavam e não trabalhavam. No entanto, houve uma queda em relação a 2019, o que indica um aumento da participação dos jovens no mercado de trabalho.

Entre no  canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo.  Siga também o  perfil geral do Portal iG.


    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!