O presidente
da República, Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), foi criticado pelos ex-ministros
da Venezuela
, após os discursos que ocorreram nesta semana. Os ex-chefes de pasta atuavam na época de Hugo Chávez
, e publicaram uma carta aberta
ao petista, pedindo para que ele e o governo brasileiro
sejam "solidários e consequentes” quanto a uma possível saída para a crise política, humanitária e econômica sofrida pelo país.
Os ex-ministros Rodrigo Cabezas (Finanças), Héctor Navarro (Educação), Ana Elisa Osorio (Meio Ambiente) e Oly Millan (Economia Popular), assinaram a carta ao presidente . Todos eles fizeram parte do primeiro escalão do governo de Chávez , que foi presidente de Venezuela entre 1999 e 2013, quando morreu com 58 anos.
"Sempre fomos militantes da esquerda democrática e progressista. A partir desse ideal nos atrevemos a demandar, senhor presidente Lula da Silva, que o senhor e seu governo sejam solidários e consequentes com uma saída democrática à crise política, econômica e humanitária da Venezuela, e, dessa maneira, com as vítimas, entre elas, os mais de 6 milhões de venezuelanos forçados a migrar, e nunca com seus perpetradores", ressaltam na carta.
Lula recebeu o atual presidente da Venezuela , Nicolás Maduro , no Distrito Federal , e disse em um discurso que a Venezuela é "vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo", afirmando que a visita do líder venezuelano iria "mostrar sua narrativa para que as pessoas possam mudar de opinião”.
As falas do presidente reverberarão nas redes sociais e pelos corredores do Palácio. Alguns dos líderes que foram convidados para a reunião promovida pelo petista, responderam as falas de Lula , sendo eles o uruguaio Luis Lacalle Pou e do chileno Gabriel Boric.
A carta questiona: "Senhor presidente, o senhor sabe que a autocracia venezuelana se atreve a postular com orgulho e sem rubor nenhum a ‘aliança cívica, militar, policial’ para justificar sua tentativa de hegemonia política e social?"
Eles completam dizendo: "Com ela [essa aliança], pretendem ficar no poder como for e a custo do que for, convertendo seu projeto político em intolerância com aqueles que pensam diferente, eliminando o Estado de Direito fundamentado na separação dos poderes".
Os ex-ministros levantam ainda que o país possui 281 presos políticos, cerca de 300 emissoras de rádio com licenças canceladas e mais de 50 sites de notícias bloqueados na internet. "O governo venezuelano cometeu violações flagrantes dos direitos humanos de maneira generalizada e sistemática, execuções arbitrárias, tratamento cruel e tortura, que constituem crimes de lesa-humanidade”, finalizam.