O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se posicionou novamente acerca da forma como o Brasil deve se mostrar em relação à invasão russa na Ucrânia. Segundo o chanceler, o país precisa se manter neutro neste momento.
O ministro participou de uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado. Nela, Vieira destacou o papel que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao buscar soluções pacíficas para a resolução do conflito, tendo em vista a mediação com outros países.
"Não estamos interessados em tomar lados, mas em preservar canais de diálogos com todos, única maneira de contribuir efetivamente para a construção de espaços de negociação que conduzam a uma paz efetiva e sustentável", disse o chanceler.
O Brasil, junto a outros países, vem se mobilizando para que seja assinado um cessar-fogo no conflito. Lula sugeriu ainda que fosse criado um "G20 da Paz", sendo esse uma alternativa do Conselho de Segurança da ONU, para a resolução de conflitos.
"Quando os Estados Unidos invadiram o Iraque, não houve discussão no Conselho de Segurança. Quando a França e a Inglaterra invadiram a Líbia e quando a Rússia invadiu a Ucrânia, também não se discutiu.[...] Ora, se os membros que têm a responsabilidade de dirigir a paz mundial não pedem licença, por que os outros têm que obedecer? Então, eu acho que está na hora de a gente começar a mudar as coisas. Está na hora de a gente criar o G20 da paz, que deveria ser a ONU", disse Lula.
Vieira vê a participa do presidente nas negociações como "fator novidade", acrescentando que "o Brasil tem credenciais e patrimônio diplomático suficiente para ajudar a buscar soluções para essa crise, que diz respeito a toda a comunidade internacional”.
Na sabatina, Vieira esclareceu que o país segue buscando uma "posição equilibrada, mas sobretudo construtiva", voltando a informar que o Brasil condena veemente a invasão ao território ucraniano. Ele relembrou que o governo petista promoveu críticas durante o Conselho de Segurança e também na Assembleia-Geral da ONU.
Entretanto, o chanceler criticou as sanções que vem sendo promovidas pelos países à Rússia, dizendo que elas "diminuem o espaço de diálogo e reduzem as chances de uma solução negociada do conflito”.
O assessor especial de política externa do presidente da República, Celso Amorim, esteve nesta semana com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, com o objetivo de entender melhor as questões de paz do conflito. Entretanto, o ucraniano disse que a única forma de selar a paz entre os países será na "fórmula ucraniana", sendo ela a retirada das tropas russas do país.