PF deve abrir inquérito para investigar quebra de sigilo no Receita

Investigadores vão apurar se Ricardo Feitosa acessou dados sigilosos de outros opositores de Bolsonaro e se foram compartilhados com a cúpula do Planalto

Gustavo Bebianno foi ministro de Bolsonaro, mas abandonou o ex-presidente antes mesmo dos 100 dias de governo
Foto: Rafael Carvalho/Governo de Transição
Gustavo Bebianno foi ministro de Bolsonaro, mas abandonou o ex-presidente antes mesmo dos 100 dias de governo

A Polícia Federal vai abrir uma investigação para apurar o acesso de dados fiscais sigilosos de opositores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os investigadores ainda devem apurar se as informações chegaram à alta cúpula do Palácio do Planalto.

Segundo a denúncia divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, o ex-chefe de inteligência da Receita Federal, Ricardo Feitosa, acessou dados fiscais de opositores de Bolsonaro. Entre os alvos estão  o ex-ministro Gustavo Bebianno, o empresário Paulo Marinho, Ariana Marinho (esposa de Paulo) e o  ex-procurador responsável pelo processo da "rachadinha" no Rio de Janeiro, Eduardo Gussem.

Os acessos teriam acontecido entre os dias 10 e 18 de julho de 2019, primeiro ano de governo Bolsonaro. De acordo com a denúncia, Feitosa acessou os dados de Imposto de Renda dos opositores entre 2013 e 2018.

Feitosa já foi alvo de um processo administrativo na Receita Federal, mas a investigação foi arquivada. O então corregedor do órgão, João José Tafner, disse ter sido pressionado a arquivar o processo.

A PF deve investigar as denúncias de pressão por parte da cúpula do Planalto no processo administrativo. A Receita Federal também informou que abriu um inquérito para investigar Feitosa e Tafner.