O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou que o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), possui responsabilidade nos atos de invasão e depredação feitas por manifestantes extremistas em Brasília no último domingo (08). Segundo o ministro, o fato de Bolsonaro não ter desestimulado os manifestantes acarretaram nas cenas de depredação dos edifícios-sede dos Três Poderes.
Mendes acrescentou que as autoridades vão investigar a fundo as eventuais responsabilidades jurídicas dos envolvidos nos atos. "As autoridades da investigação vão se debruçar sobre isso e vão tirar as suas conclusões. Certamente haverá mensagens, certamente quebras de sigilo, tem uma série de comunicações e acho que as investigações vão prosseguir em busca de responsáveis".
Ao ser questionado sobre a parcela de culpa de Bolsonaro nos atos, o ministro disse que sente "que quem tem responsabilidade política, quem tem liderança, deve atuar para não estimular a violência".
O ex-presidente está fora do país, em Miami, desde o dia 30 de dezembro, um dia antes de terminar o mandado. Um dia depois da partida, Bolsonaro fez uma publicação no Twitter em que dizia que as manifestações e depredações "fogem à regra", além de refutar as acusações de insuflar as manifestações, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria feito.
Na publicação, Bolsonaro reforçou que manifestações fazem parte do jogo democrático, mas acrescentou que "depredações e invasões de prédios públicos, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra".
O ministro lembrou que os atos de agressividade são geralmente voltados ao Supremo e ao Congresso Nacional, sendo inflados pelo ex-presidente em manifestações como as ocorridas no 7 de setembro. "Obviamente eram atitudes de incentivo à agressividade contra os Poderes, especialmente o Poder Judiciário".
Gilmar Mendes ainda defendeu a decisão de Alexandre de Moraes em afastar o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, por 90 dias, além da desmobilização dos acampamentos de bolsonaristas radicais no Setor Militar Urbano. "Muitas medidas são necessárias como essa que hoje está sendo cumprida de esvaziamento dos acampamentos", disse o ministro.
Gilmar Mendes ainda avaliou as ações tomadas até o momento, dizendo que "muitas das medidas já poderiam ter sido tomadas e teria evitado responsabilidade maiores", acrescentando que caso elas tivessem sido tomadas, a imagem do país poderia não estar tão ruim como no momento.
Segundo o magistrado, o STF terá que trabalhar duro para reverter os prejuízos causados e voltar a normalidade após a depredação. As atividades voltam apenas em fevereiro, e deverá se iniciar com uma análise acerca dos danos.