As fortes chuvas que não cessam no Paraná preocupam a Defesa Civil do estado que procuram por vítimas de um deslizamento de terra que carregou 15 carros e seis caminhões na última segunda (28). Segundo a corporação, há risco que parte da BR-376 possa desabar.
Mesmo com o tempo dificultando a procura por desaparecidos, ao menos seis pessoas já foram resgatadas com vida, e duas, infelizmente, mortas. Carros e caminhões que passavam pelo local na noite de segunda foram carregados pela terra que deslizou sobre a rodovia.
Segundo o Coordenador da Defesa Civil do Paraná, coronel Fernando Shunig, o trecho da rodovia está totalmente instável. Tanto que as buscas tiveram que ser interrompidas no final da terça-feira (30).
"Essa terra tem um peso muito grande sobre a pista, e uma pista que está sobre uma região suspensa, correndo o risco, inclusive, de desabar a pista. É um cenário muito complexo de ser trabalhado", afirmou Shunig.
Já o comandante do Corpo de Bombeiros do Paraná, coronel Manoel de Figueiredo Junior, pontuou que a região está com alto risco de novos deslizamentos.
Geólogos avaliam que o trabalho de retirada da terra só conseguirá engrenar quando a chuva parar, e apontam que o monitoramento das encostas deve ser permanente.
Veja o que se sabe sobre o deslizamento
Como ocorreu o acidente?
Segundo a Defesa Civil, houve dois deslizamentos. O primeiro começou por volta das 15h30 de ontem, quando um terreno inclinado cedeu e uma das pistas foi interditada. Apesar do risco, o trânsito foi normalizado em uma via única. Ao anoitecer, às 19h30, o segundo deslizamento atingiu carros e caminhões, fazendo com que os dois sentidos da rodovia fossem bloqueados.
O talude que cedeu alcançou 200 metros das duas pistas. A chuva no local era volumosa, o que intensificou o trânsito.
As vítimas
Até o momento de publicação desta matéria, duas pessoas foram mortas pelo acidente. A primeira vítima foi confirmada pela Polícia Rodoviária Federal por volta das 10h desta terça-feira (29). A segunda vítima foi noticiada pelo Corpo de Bombeiros nesta tarde.
O resgate e a busca por desaparecidos foi iniciado ainda na segunda-feira, mas precisou ser interrompido devido à instabilidade do tempo. A ação foi retomada na manhã de hoje.
Onde o deslizamento ocorreu e quais vias foram interditadas?
Os deslizamentos ocorreram no km 669 da BR-376, no trecho de serra. O local é conhecido como ‘Curva da Santa’, onde já aconteceram vários acidentes.
A rodovia faz a ligação entre os estados do Paraná e Santa Catarina e está interditada há mais de 12 horas.
Os outros trechos bloqueados são: da praça de pedágio de São José dos Pinhais (PR), no km 635 da BR-376; a unidade operacional da PRF em Tijucas do Sul (PR), no km 662 da BR-376; e a praça de pedágio de Garuva (SC), no km 1,3 da BR-101.
As autoridades já sabiam do risco?
Em coletiva, Defesa Civil afirmou que concessionária Arteris Litoral Sul, sabia dos riscos e esse seria o motivo para não realizar obras na pista.
Em coletiva de imprensa nesta terça-feira, o coronel Fernando Raimundo Schuning afirmou que a Arteris tinha conhecimento sobre a “vulnerabilidade técnica” e que o volume de chuva era um risco para o tráfego na pista.
"É uma área de bastante vulnerabilidade técnica e necessita obras de contenção disso aí. Tanto que a concessionária estava fazendo obras, trabalhando nesse local, prevendo e sabendo desse risco”, explicou o coronel.
Os governos dos estados do Paraná e de Santa Catarina informaram que enviaram reforços para as buscas. A gestão paranaense publicou ainda um decreto emergencial com o intuito de "garantir estrutura e os equipamentos para fazer o resgate das vítimas e trabalhar na desobstrução das vias".
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