Alexandre de Moraes em entrevista a jornalistas após votar em São Paulo
Reprodução - 02.09.2022
Alexandre de Moraes em entrevista a jornalistas após votar em São Paulo

O início da campanha eleitoral do segundo turno tem apresentado duas novas modalidades de desinformação, que nas palavras do ministro Alexandre de Moraes, são exemplo de 'desinformação em segunda geração'. 

presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmou nesta quinta-feira (12) que a Justiça Eleitoral vai agir para coibir abusos de informação que levam eleitores ao engano e causam prejuízos à democracia. 

O ministro fez a afirmação durante o julgamento de um pedido da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para a remoção de um vídeo divulgado no canal "Brasil Paralelo".

Em sua decisão de remover um vídeo falso que circulava pela internet, o presidente do TSE criticou o uso de conteúdos que 'supostamente' são apresentados como verdadeiros, mas no fundo não são. Moraes disse que informações falsas tem sido apresentadas com 'premissas verdadeiras' e isso confunde o público de duas formas. 

"A primeira delas é a manipulação de algumas premissas verdadeiras, que junta várias informações verdadeiras que aconteceram chegando a uma conclusão falsa. A segunda é a utilização de mídias tradicionais para se plantar fake news e, a partir disso, as campanhas replicam essas fake news, dizendo que isso é uma notícia", explicou Moraes.  

O material em questão divulgava matérias jornalísticas que associavam o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva a outros casos de corrupção. O ministro Ricardo Lewandowski chegou a apontar que a matéria divulgada pelo canal atribuiu a Lula escândalos jamais imputados ao candidato. Para Lewandowski, o material representava uma 'grave a desordem informacional'.

"Nós estamos diante de um fenômeno novo, o fenômeno da desinformação, que vai além da fake news. O eleitor não está preparado para receber esse tipo de desordem informacional", disse Lewandowski. 

Os ministros decidiram que a página deve suspender a veiculação do vídeo sob pena de multa diária no valor de R$ 10 mil. 

"Não se pode admitir mídia tradicional de aluguel, que faz uma suposta informação jornalística absolutamente fraudulenta para permitir que se replique isso. Esses casos cresceram muito a partir do segundo turno, e devem ser combatidos para garantir a informação de verdade", disse Moraes. 

Resposta da 'Brasil Paralelo' sobre o caso

Em nota a empresa Brasil Paralelo afirmou ser “É inacreditável que um vídeo montado com reportagens e fatos de ampla circulação nacional na grande mídia em 2004, 2005 e 2006 seja condenado à censura pelo calor da época eleitoral. O vídeo foi produzido há 5 anos, é sustentado em reportagens conhecidas e não consta nele nenhuma desinformação. O mais grave é que a peça de representação do PT não apenas pede a remoção do vídeo, como instrui o que deveria ser dito, como seria próprio de uma ditadura. Ao dizer “o que a produtora deveria comunicar aos seus correligionários é que houve casos de corrupção apurados durante o período em que Lula foi Presidente da República porque os órgãos de persecução tinham autonomia suficiente e realmente buscavam combater a criminalidade e a corrupção - diferentemente dos dias atuais.” a peça perde qualquer seriedade de defesa, configura um instrumento censor e intimidatório, e é um risco à democracia que seja aceita pelo Tribunal Superior Eleitoral sem ressalvas, de forma anacrônica e sem ter citado a empresa. O devido processo legal e a liberdade de expressão parecem ter sido abandonadas neste caso.”

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