Na tentativa de conter eventual crescimento de Jair Bolsonaro (PL) em seu reduto eleitoral, o PT tem dado importância estratégica ao Rio de Janeiro na reta final da campanha, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará no dia 25 de setembro, o último antes da votação, um ato com o prefeito Eduardo Paes (PSD). Para ampliar o eleitorado a quem tem falado no estado, o candidato apoiado pelo petista na corrida estadual, Marcelo Freixo (PSB), de histórico mais ligado à esquerda, não participará da agenda. O candidato de Paes a governador, Rodrigo Neves (PDT), também foi vetado. O evento foi marcado para a quadra da Portela.
Na avaliação de pessoas próximas ao petista, a ofensiva no Rio é parte do entendimento de que é o momento de mostrar diálogo com lideranças mais ao centro do espectro politico e intensificar as agendas no Sudeste, sem se limitar às candidaturas de esquerda, em busca de uma possível vitória no primeiro turno. O encontro com Paes, portanto, significa a oficialização de um novo palanque para Lula no Rio.
Na reta final do primeiro turno, o ex-presidente vai intensificar a agenda no Sudeste, onde mantém vantagem sobre Bolsonaro. Na pesquisa do Datafolha divulgada anteontem, Lula foi de 42% para 44% das intenções de voto no Rio em uma semana. Bolsonaro ficou estacionado em 36%. Quadro similar se deu em São Paulo, onde o candidato do PT oscilou de 40% para 43% enquanto o presidente caiu de 35% para 33%. No quadro nacional, Lula se manteve com 45%, e o presidente variou de 34% para 33%, dentro da margem de erro de dois pontos.
De olho em 2024
O apoio a Lula, dizem aliados de Paes, tem como pano de fundo uma eventual retribuição do petista em 2024, quando o prefeito deve tentar a reeleição.
Como Lula e Paes têm candidatos distintos para o governo do Estado do Rio, os dois concordaram em não convidar Freixo e Rodrigo Neves. Apenas Felipe Santa Cruz (PSD), o vice na chapa de Neves indicado por Paes, estará presente. Ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Santa Cruz foi alvo de ataques de Bolsonaro e deve discursar no evento.
Mas o palanque que aguarda Lula no Rio, ainda indefinido, não deve contar com todos os aliados de Paes. Com candidatos a deputado espalhados por todo o estado, o prefeito deixou a critério de cada um dos seus correligionários a decisão de ir ou não ao evento. O PSD não apoia formalmente nenhum dos candidatos à Presidência. Como alguns dos aliados de Paes têm votos em redutos bolsonaristas, devem optar por não posar com Lula.
Um nome da política fluminense que deve capitalizar a participação no evento é o do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), André Ceciliano, que concorre ao Senado pelo PT. No local, ele reforçará que é o candidato de Lula — condição disputada também por Alessandro Molon, do PSB — e tentará colar a sua imagem à do prefeito.
A campanha de Freixo reagiu ao anúncio do encontro de Lula e Paes pedindo ao petista que também realize uma agenda com o pessebista na tarde do mesmo dia, mas ainda não há definição. Um outro evento, a ser realizado no Centro do Rio na semana seguinte, deverá reforçar o apoio de Lula a Freixo. Deverá ser o último compromisso de Lula no estado antes de medir forças com Bolsonaro nas urnas.
Foco nos evangélicos
O Rio, com um grande contingente de evangélicos, interessa muito a campanha do PT, que comemorou o avanço de 28% para 32% no segmento, no qual Bolsonaro ainda tem ampla vantagem, segundo o Datafolha.
Neste fim de semana, o PT vai intensificar ações para este eleitorado. Um novo panfleto usa fotos do encontro de Lula com religiosos em São Gonçalo, no Grande Rio, na semana passada, com a citação bíblica “Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus”. Numa das imagens, Lula é abençoado por um pastor no Rio.
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