Movimentação de policiais durante operação no Complexo do Alemão
Reginaldo Pimenta/Agência O Dia - 21.07.2022
Movimentação de policiais durante operação no Complexo do Alemão

Um policial militar e uma mulher, identificada como Letícia Marinho Salles, de 50 anos, morreram após serem atingidos por disparos durante confronto das equipes das polícias Militar e Civil com traficantes do Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio, na manhã desta quinta-feira (21) durante uma operação.

No início desta tarde, segundo o porta-voz da PM, tenente-coronel Ivan Blaz, 16 suspeitos também morreram durante a ação, totalizando 18 mortes.

Ao longo do dia a Defensoria Pública do Rio divulgou uma lista com 15 pessoas que teriam morrido durante a ação. No documento há o nome de 12 mortos, a menção de três homens sem identificação e duas pessoas feridas.

O nome do cabo Bruno Costa, morto durante os confrontos, não foi citado. De acordo com as secretarias de Saúde, 15 mortos deram entrada na UPA do Alemão e dois no Hospital Estadual Getúlio Vargas.

No local acontece uma ação da PM em conjunto com a Polícia Civil para combater o roubo de veículos, de carga e a bancos. Equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) estão na ação. Há pelo menos 400 policiais, com apoio de quatro aeronaves e de 10 veículos blindados. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também participa da operação.

Em nota divulgada no fim da tarde desta quinta-feira, a Polícia Rodoviária Federal disse que foi procurada para participar, mas por ter parte do seu armamento acautelado para perícia após a operação da Vila Cruzeiro, apenas prestou apoio após ter sido acionada às 11h.

"Cumpre ressaltar que não houve nenhuma ocorrência relevante envolvendo a Polícia Rodoviária Federal na citada operação e que, por volta das 15 horas, após concluída a extração das equipes, a PRF retornou para base."

Os agentes também atuam nas comunidades do Juramento e Juramentinho, nos bairros de Vicente de Carvalho e Tomás Coelho. As equipes são lotadas no 3º BPM (Méier), no 41º BPM (Irajá) e em outros batalhões do 2º Comando de Policiamento de Área (Zonas Norte e Oeste do Rio).

O Ministério Público do Rio afirmou que foi informado de que a polícia faria uma operação no Alemão na madrugada desta quinta-feira e que acompanha a ação desde cedo para avaliar possíveis casos de violência e abusos de autoridade durante a ação dos policiais.

A Defensoria Pública do Rio afirmou que acompanha "com preocupação as informações sobre a operação policial no Complexo do Alemão e que há indícios de situações de grave violação de direitos, com possibilidade desta ser uma das operações com maior índice de mortos no Rio de Janeiro.".

Conhecido como “matador de policiais” no estado do Pará, Hideraldo Alves, de 27 anos, deu entrada na UPA do Alemão com a identificação de Adriano Castro Pires, ferido a tiros nas pernas. Com mandado de prisão em aberto, “Esquilo”, como é chamado, está sob custódia da Polícia Militar e permanecerá preso.

Letícia Marinho Salles, de 50 anos, foi uma das vítimas da operação no Alemão. Ela era mãe de três filhos, moradora do Recreio dos Bandeirantes e estava desempregada. Segundo o namorado Denilson Glória, Letícia enterrou a mãe há uma semana.

"Estou desnorteado. A mãe dela acabou de morrer por velhice, foi enterrada na semana passada. Hoje aconteceu isso. Ela estava na minha casa, na Penha, e nós viemos para cá (Alemão) tomar café na minha tia. Nessa hora não estava tendo tiroteio. Nós paramos em um sinal e logo depois meu carro foi alvejado. Ela foi atingida no peito", contou.

O rapaz afirma ainda que quem atirou na vítima foi um policial militar.

"Só tinha polícia na hora. Estavam a sete metros da gente. Tinha uma policial em um carro descaracterizado do nosso lado. Ela botou a arma para fora e começou a discutir com os agentes depois que a Letícia foi baleada."

O homem continua relatando que após o ocorrido, levou a vítima para UPA do Alemão, mas ela já chegou morta.

"Não teve o que fazer. Agora é aguardar a liberação do corpo para enterrar."

Segundo a PM, os três suspeitos foram encontrados já mortos. Foram apreendidas uma metralhadora .50 (capaz de derrubar helicóptero), quatro fuzis e duas pistolas. Na comunidade Favela da Galinha, próximo ao Alemão, quatro homens em fuga foram detidos.

Em nota, a PM afirma que informações dos setores de inteligência "apontam a presença de criminosos da região do Complexo do Alemão praticando roubos de veículos principalmente nas áreas dos bairros do Grande Méier, Irajá e Pavuna".

Esses criminosos seriam responsáveis pelos "roubos a bancos como aqueles que ocorreram no município de Quatis, em Niterói e na Baixada Fluminense, e roubos de carga, além de planejar tentativas de invasão a outras comunidades", segundo a corporação.

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