Beatriz Barros, viúva do indigenista Bruno Pereira, assassinado no Vale do Javari, e o líder indígena Jader Marubo, participaram nesta quinta-feira 14 de julho, da reunião da Comissão Temporária sobre a Criminalidade na Região (CTCR) no Senado Federal.
Marubo, que é ex-coordenador da Organização dos Povos do Vale do Javari, denunciou o clima de violência, tensão e medo, que toda comunidade indígena convive na região do Vale do Javari.
Mesmo antes do assassinato, as lideranças haviam denunciado as atividades de pessoas não autorizadas nas terras indígenas. A FUNAI , porém, não prestou suporte para aumentar a segurança dos povos que vivem nas Terras Indígenas.
O líder indígena disse ainda que Bruno Pereiro era considerado por ele como um irmão, que caminhou lado a lado compartilhando com os indígenas a necessidade de proteger os direitos dos povos e de preservar os territórios sagrados em sua cultura.
"O que eu aprendi com Bruno, primeiro é lutar pelo meu território, lutar pelos povos indígenas. Ele me abraçou no momento em que o movimento indígena em nossa região estava muito fraco. Caminhamos de mãos dadas... [emocionado]... e falar do Bruno... [choro]... o Bruno, ele foi meu amigo", desabafa.
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL) questionou se o governo ou a FUNAI passaram a atender as demandas dos indígenas após o assassinato dos dois profissionais, que investigavam o aumento da criminalidade na região.
"Nada. Como relatei, chegou um contingente da Força Nacional para fazer a segurança da sede e de alguns funcionários da FUNAI e só isso foi feito. Não tivemos a ombridade de nenhum dirigente da FUNAI, de nenhum representante do governo brasileiro falando pelo menos uma palavra", contou.
A viúva do indigenista Bruno Pereira participou da reunião de forma remota e solicitou que o presidente Jair Bolsonaro (PL), o vice Hamilton Mourão e os dirigentes da FUNAI, se retratem das declarações 'indígnas e absurdas sobre o trabalho de Bruno Pereira'.
"O trabalho de proteger a terra, de defender a terra, tem sido cada vez menos respeitado. Enquanto o mundo reconhece o valor e a importância de cuidar desses povos indígenas, nosso país reconhece cada vez menos e pelo contrário, criminaliza esse trabalho", disse Beatriz Barros.
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