A Polícia Federal informou na tarde deste sábado que "remanescentes" do indigenista Bruno Pereira no Vale do Javari, na Amazônia, foram identificados em material recolhido em local que foi apontado por Amarildo da Costa de Oliveira. Conhecido como Pelado, Amarildo confessou participação no assassinato de Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips
.
Os peritos conseguiram fazer a identificação por meio de exame da arcada dentária, feito no Instituto Nacional de Criminalística, segundo o g1. Na véspera, os restos mortais de Dom Phillips foram identificados da mesma maneira .
Na sexta-feira, a PF divulgou nota para confirmar que "remanescentes" de Phillips haviam sido identificados . Segundo a corporação, a confirmação veio a partir de um exame de "odontologia legal combinado com a antropologia forense". Isso significa que os peritos conseguiram comparar os restos mortais com laudos da arcada dentária do inglês, enviados pela família dele.
"Se o prontuário for de qualidade e recente, isso é feito de forma bem eficiente e rápida", afirmou o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo.
Conforme fontes que acompanham as investigações, após serem mortos, os dois foram queimados antes de serem enterrados — portanto, os "remanescentes humanos", como definiu o ministro da Justiça, Anderson Torres, não estão em bom estado de conservação. A perícia está sendo feita no Instituto Nacional de Criminalística da corporação, em Brasília.
Já a "antropologia forense" analisa características do corpo para identificar a vítima, como marcas de nascença, cicatrizes, tatuagens e a estrutura óssea. A confirmação definitiva só deve vir, no entanto, com o exame de DNA, que costuma demorar mais e deve ser concluído na próxima semana.
A PF acrescentou no texto que "os trabalhos para completa identificação dos remanescentes, para a compreensão das causas das mortes, assim como para indicação da dinâmica do crime e ocultação dos corpos" seguem em curso.
Sem mandante, diz PF
Na manhã desta sexta-feira, a Polícia Federal afirmou que os suspeitos de envolvimento no desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips agiram "sem mandante nem organização criminosa por trás do delito", segundo indicam as investigações
. A PF diz também, no entanto, que mais prisões devem acontecer, dado existirem indícios da participação de outras pessoas no crime.
Ainda segundo a nota, as buscas pela embarcação da dupla, que teria sido afundada por Pelado, que confessou o assassinato dos dois, continuam nesta sexta-feira, com apoio dos indígenas da região e dos integrantes da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari. A entidade contesta a versão de que não houve mandante.
A Polícia Federal divulgou na noite desta quinta-feira (16) que não achou o barco onde estavam o indigenista licenciado da Funai Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips , que foram assassinados e tiveram os corpos escondidos, segundo confessou em depoimento o pescador Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, após ser preso, em depoimento.
O comunicado da equipe de buscas da PF acrescentou, no entanto, que o exame de amostras de sangue que estavam no barco de Pelado descartaram que o material pudesse ser de Dom. Em relação a Bruno, o exame foi inconclusivo, segundo a polícia, e seriam necessários exames complementares.
Além disso, o material orgânico recolhido no rio durante as buscas ao jornalista e ao indigenista desaparecidos no dia 5, não detectou DNA humano, mas o resultado pode ter sido influenciado pela degradação das amostras.
O que já se sabe sobre a dinâmica do crime:
Perseguição
Testemunhas relataram ter visto Pelado perseguindo a lancha usada por Pereira e Phillips. O suspeito alcançou as vítimas nas proximidades da comunidade São Rafael, situada nas margens do rio Itaquaí.
Durante a perseguição, em alta velocidade, Pelado estaria acompanhado de outras quatro pessoas, que ainda não foram identificadas pelos investigadores.
Uma testemunha considerada chave afirmou que viu Pelado carregar uma espingarda e fazer um cinto de munições e cartuchos pouco depois que o indigenista e o jornalista inglês deixaram a comunidade São Rafael com destino à Atalaia do Norte.
Embate e tiros
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, Fontes afirmou que houve um "embate" e que os suspeitos que fizeram "disparo de arma de fogo" contra Pereira e Phillips. O tiroteio aconteceu no leito do rio Itaquaí.
O delegado, no entanto, não confirmou que as mortes foram causadas por disparo de arma de fogo. De acordo com Fontes, somente a perícia vai determinar o que provocou as mortes.
Barco afundado
Investigadores encontraram o barco usado por Phillips e Pereira nesta quarta-feira, mas não foi retirado por causa do horário, que ficou tarde. A embarcação foi afundada por Pelado e os demais suspeitos do crime.
O delegado Guilherme Torres, da PF, afirmou durante coletiva nesta quarta que a lancha foi naufragada propositalmente. Os suspeitos colocaram peso na embarcação para que ela ficasse submersa.
De acordo com Fontes, Pelado e os outros suspeitos primeiro tiraram o motor do barco e afundaram. Depois colocaram sacos de terra dentro da embarcação e fizeram com que ela afundasse.
Corpos enterrados
Torres explicou que os suspeitos seguiram pelo igapó após terem afundado a embarcação. Segundo o delegado, foi feita uma varredura até chegar ao local onde os corpos foram ocultados.
O ocultamento ocorreu no dia seguinte ao crime, segundo os investigadores. Os corpos foram encontrados em um local de "dificílimo acesso", situado a mais de 3 km da margem do rio.
"3,1 quilômetros mata adentro, um local de dificílimo acesso. Para você ingressar com embarcação ela deve ser muito pequena. Sem contato telefônico, um agente teve de deixar o local para me informar que foram encontrados remanescentes humanos", disse o delegado Eduardo Alexandre Fontes, superintendente regional da PF.
Pelado confessou mortes
O principal suspeito preso pelo desaparecimento do indigenista brasileiro e do jornalista inglês confessou na noite de terça-feira o assassinato das vítimas. Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado, assumiu participação nas mortes. A polícia levou um investigado para a área de buscas pelas vítimas, que não são vistas desde o dia 5 de junho.
O irmão de Pelado, Oseney da Costa Oliveira, o Ney, não confessou o crime, mas, de acordo com a PF, ele é apontado nas investigações como um dos envolvidos. Outras cinco pessoas são investigadas no caso.
Os "remanescentes humanos" achados pela equipe de buscas ao indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips no Vale do Javari chegaram nesta quinta-feira (16) a Brasília. Nesta sexta-feira (17), os fragmentos começarão a ser examinados pelo Laboratório de Criminalística da Polícia Federal, para que se confirme se são mesmo de Dom e Bruno, e detalhes de como eles foram mortos.
Os dois foram assassinados no Vale do Javari, na Amazônia, após um "embate" no qual os suspeitos fizeram "disparo de arma de fogo", segundo Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, pescador que confessou o crime em depoimento à Polícia Federal. O irmão de Amarildo, Oseney da Costa Oliveira, conhecido como Dos Santos, também está preso. Os fragmentos de corpos foram achados a partir de indicações de Amarildo, que foi ao local com uma equipe da PF.
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