A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Itaquera, por meio da diretoria e pela Comissão da Igualdade Racial, repudiou o ato racista contra uma criança de três anos em uma escola municipal de São Paulo . O caso ganhou repercussão após uma denúncia feita pela mãe do menino nas redes sociais. Nesta segunda-feira, Stephanie Silva prestará novos esclarecimentos na 64 DP da Cidade AE Carvalho, onde fez um registro de ocorrência contra a escola. O caso ocorreu na última sexta-feira (27).
"É inaceitável que situações como está ocorram, especial emente em um ambiente educacional, local de aprendizado e acolhimento.", diz um trecho da nota. A OAB afirma ainda que, aguarda a investigação da polícia para apuração de um possível crime de racismo e que acompanha o caso junto ao Ministério Público.
Em nota, a Polícia Civil disse que Stephanie foi orientada a apresentar as imagens junto à Delegacia de Polícia da área dos fatos, 32º DP (Itaquera), e que segue investigando o caso.
Em seu perfil do Instagram, a mãe da criança relatou que vestiu o menino com a fantasia de palhacinho para a festa de aniversariantes do mês na unidade, conforme um pedido da escola em que o tema era 'circo'. No entanto, foi surpreendida com um vídeo publicado pela própria unidade, no dia seguinte, em que a criança aparece fantasiada de macaco.
"Tinha nariz de palhaço, as bochechas e até os olhinhos pintados. Minha sogra, que mora na praia, enviou também itens para a caracterização do nosso palhacinho", escreveu a mãe nas redes.
De acordo com Stephanie Silva, o menino estava super animado e feliz com a fantasia. Ela, inclusive, fez registros dele todo sorridente antes dele entrar na escola neste dia e postou as fotos em sua rede social, comemorando a felicidade do filho em estar caracterizado de palhaço para o evento.
"No sábado minha sogra me enviou um link do Instagram da escola e me perguntou se era ele no vídeo, pois mesmo que ele estava caracterizado de palhacinho, ainda sim, com apenas 3 anos, foi escolhido e vestido por uma máscara de macaco, para atuar em uma apresentação musical na frente de todos os amiguinhos da escola", lamentou a mãe.
A gravação não está mais nas redes da escola. "Me doeu como mulher preta, mas me dói o dobro como mãe de um filho preto. Como explicar para todas as crianças da escola que viram meu filho com a máscara de macaco e ouviram o trecho da música: 'você virou, você virou um macaco', que era uma atração e não a realidade?. Como explicar após a apresentação que eles não podem chamar o amiguinho preto de macaco?", questionou.
O que diz a escola
No sábado, a unidade escolar que é administrada pela Associação Evangélica Monte Carmelo emitiu um comunicado tratando a acusação feita nas redes sociais como "injusta" e que "todas as medidas judiciais já estão sendo tomadas para o devido esclarecimento real dos fatos".
"A Associação Evangélica Monte Carmelo, com mais de 20 anos de serviços prestados em favor da comunidade local, vem pesarosamente manifestar a sua profunda indignação quanto à acusação de crime racial, diga-se injusta, que vem se espraiando nas diversas mídias sociais de maneira leviana e irresponsável, posto que esta instituição jamais compactuaria com qualquer conduta ou gesto que tenha por objeto o racismo. Desta forma e por oportuno informamos que todas as medidas judiciais já estão sendo tomadas para o devido esclarecimento real dos fatos." dizia o comunicado divulgado pela escola no perfil do Instagram.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), informa que o caso será apurado e a Diretoria Regional de Educação (DRE) notificará a Organização da Sociedade Civil (OSC) responsável pela unidade para esclarecimentos, sob risco de penalização, conforme legislação. A DRE afirma que está à disposição da responsável pela criança.
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