Indigenista da Funai desaparecido recebeu bilhete com ameaças; veja

Bruno Araújo foi coordenador regional do órgão em Atalaia do Norte (AM) e tinha estilo combativo na proteção aos povos isolados da região

O servidor da Funai, Bruno Araújo Pereira, desaparecido no Vale do Javari, na Amazônia. vinha recebendo ameaças de invasores
Foto: Daniel Marenco/O Globo - 06.06.2022
O servidor da Funai, Bruno Araújo Pereira, desaparecido no Vale do Javari, na Amazônia. vinha recebendo ameaças de invasores

Ativo no combate aos invasores do Vale do Javari, região amazônica com a maior concentração de povos isolados do mundo,  o indigenista Bruno Araújo Pereira, desaparecido junto com o jornalista inglês Dom Phillips durante uma viagem pelo rio Ituí, vinha recebendo ameaças constantes por parte de pescadores que praticam de maneira ilegal a retirada diária de toneladas de peixe pirarucu e tracajás, espécie de cágado muito cobiçado nos rios da Amazônia.

Foto: Reprodução - 06.06.2022
Bilhete enviado por pescadores ilegais mencionam ameaças a liderança indígena e ao servidor da Funai

O GLOBO teve acesso à uma carta enviada à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) onde constam ameaças de morte contra Beto Marubo, coordenador da entidade, e o servidor da Funai.

"Sei que quem é contra nós é o Beto Índio e Bruno da Funai, quem manda os índios irem para área prender nossos motores e tomar nosso peixe. Só vou avisar dessa vez, que se continuar desse jeito, vai ser pior para vocês. Melhor se aprontarem. Tá avisado", diz trecho do documento.

Recentemente, Bruno acompanhou a Equipe de Vigilância Indígena da Univaja (EVU) em uma incursão de uma semana Vale do Javari, onde foram apreendidos materiais de pesca, caça e dezenas de quilos de peixe e tracajás.

O indigenista e o jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, desapareceram no Vale do Javari, na Amazônia, quando faziam o trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte. O Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal (PF) e o Exército já foram acionados para realizar as buscas.

Bruno Pereira é considerado um dos indigenistas mais experientes da Funai e e profundo conhecedor da região, onde foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por cinco anos. É também membro do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente (Opi) e muito respeitado pelos indígenas.

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