Ato antirracista na UFSM
Reprodução - 12/05/2022
Ato antirracista na UFSM

A Polícia Federal investiga mensagens racistas divulgadas por uma estudante da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, que, nas redes sociais, afirmou ter "pavor de conviver com pessoas escuras. Elas devem ter complexo de inferioridade muito forte em relação às pessoas brancas".

A publicação foi feita na sexta-feira e logo começou a ser compartilhada em grupos de alunos da universidade, que fizeram registro na ouvidoria da UFSM. Segundo a reitoria, a aluna foi suspensa por 30 dias como medida cautelar.

Em protesto, alunos e professores organizaram, nesta terça-feira, um ato antirracista contra as ofensas da aluna, que está no terceiro período de Artes Cênicas. Segundo os estudantes, a aluna compareceu à aula no mesmo dia, mas foi impedida de entrar na sala pelo professor, que tomou a decisão em protesto.

O reitor da UFSM, Luciano Schuch, afirmou que a denúncia sobre o episódio racista foi feita por meio da ouvidoria da instituição e depois encaminhada para a Polícia Federal:

"Nós, administrativamente, já estamos tratando junto à direção do Centro de Artes e Letras, com a nossa assessoria jurídica, que auxilia no processo disciplinar, que é breve, de no máximo 30 dias. Como há materialidade, neste caso será preciso reunir a comissão, analisar os fatos e proferir a punição".

Em nota, a UFSM disse que ‘repudia qualquer forma de preconceito, racismo, agressão, assédio, abuso de poder, violência verbal ou física dentro e fora da Instituição’.

A manifestação

O ato antirracista foi marcado por três momentos principais, tendo início ao meio-dia, e começou em frente ao Centro de Artes e Letras (CAL). De lá, os alunos caminharam até o prédio da reitoria, que ocuparam até o quinto andar, onde fica o gabinete do reitor Luciano Schuch, que conversou com os estudantes.

"A sociedade brasileira toda está falindo, e nós também estamos falindo junto. Temos que repensar nossas atitudes como instituição. O racismo estrutural não acontece só dentro da UFSM, mas em toda a sociedade brasileira. Somos um reflexo da sociedade. Infelizmente, as pessoas seguem praticando racismo. Temos que estar cada vez mais juntos. Esse caso precisa ser exemplar para nós. Diferente dos outros casos (de racismo), desta vez tem materialidade, um fato concreto", disse Schuch.

Reposta da aluna

Depois da manifestação, a estudante publicou uma nota por meio das redes sociais, reforçando: "Eu não sou racista. Aquele foi um comentário que eu postei no dia 6 de maio de 2022 (sexta-feira passada), não reflete minha opinião sobre as pessoas negras, pardas ou indígenas. Não tem nada a ver com ódio contra uma pessoa ou várias, ou contra características de uma pessoa ou várias. Apesar disso, eu não vou me desculpar pelo que eu escrevi. Porque eu tenho minha vivência individual e minha história de vida, cada pessoa tem a sua, e aquele texto que eu escrevi não teve nada demais e não foi direcionado a uma pessoa especifica e sim um texto que eu postei no meu Instagram individualmente".

Racismo na UFSM

Em 2017, a Polícia Federal investigou frases racistas escritas por alunos do curso de Ciências Sociais da universidade nas paredes do Diretório Acadêmico. Na época, a coordenadora do curso foi comunicada e foi até a sala, onde constatou mensagens contra três alunos, como "fora macacos" e "brancos no topo", além de uma suástica.

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