Senado aprova projeto para linhas elétricas em terras indígenas

Texto da proposta classifica empreendimentos do tipo como de 'relevante interesse público da União'

Senado aprova projeto para linhas elétricas em terras indígenas
Foto: Redação 1Bilhão Educação Financeira
Senado aprova projeto para linhas elétricas em terras indígenas

O Senado aprovou nesta quarta-feira o projeto que altera a classificação de linhas de transmissão para, na prática, legalizar as estruturas desse tipo que cortam terras indígenas.  Se aprovada, a proposta ajudará a destravar obras como a do chamado Linhão de Tucuruí, que ligará Roraima ao Sistema Nacional de Energia, mas que passa por dentro do território Indígena Waimiri-Atroari.

O texto segue agora para a Câmara dos Deputados. Ao considerar as linhas de transmissão como “relevante interesse público da União”, o projeto abre brecha para que as obras desse tipo estejam dentro da lei. Isso porque a Constituição prevê que o uso dessas áreas reservadas só é autorizado se houver interesse público do país, e desde que as comunidades afetadas sejam ouvidas.

De autoria do senador Chico Rodrigues (União Brasil-RR), a proposta passou por mudanças na redação pelo relator Vanderlan Cardoso (PSD-GO) para deixar mais clara a necessidade de ouvir as comunidades afetadas e garantir a indenização pelos impactos. Na nova redação, a projeto prevê que a implementação do empreendimento só poderá ser feita após a consulta às comunidades indígenas. A declaração de interesse público das linhas de transmissão de energia, porém, ainda precisará ser regulamentada pelo presidente da República, assim como serão feitos os cálculos para a indenização.

Defendido pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), o leilão para a construção do Linhão de Tucuruí foi feito em 2011, ainda durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). A obra, porém, não foi levada adiante. A responsável pelo empreendimento é a concessionária Transnorte Energia.

O caso foi questionado na Justiça. De acordo com o Conselho Indígena de Roraima (CIR), as comunidades da área reservada não foram ouvidas para a construção do Linhão de Tucuruí. A entidade argumenta que não consultar os indígenas que vivem na terra que será impactada fere a Constituição e a Convenção 169.

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