Profissionais do Núcleo de Ensinos e Pesquisas Arqueológicas da Universidade Federal Rural Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) anunciaram nesta semana a descoberta de uma ossada de bebê no parque arqueológico da comunidade do Pilar.
O local, que iria passar por obras para a construção de um conjunto habitacional, virou uma verdadeira fonte de relíquias após as primeiras descobertas arqueológicas, e está sendo escavado desde o dia 10 de fevereiro. Desde então, mais de 10 esqueletos foram encontrados.
"O que os profissionais da universidade nos dizem é que diferente das ossadas que foram encontradas na área nos últimos anos, que datam do século XVI, XVII, essa é recente, do século XIX, e deve ter pouco mais de 150 anos. Ela foi encontrada mais próxima do solo", conta o presidente da autarquia de Urbanização do Recife (URB), órgão responsável pelas obras no local, Luís Henrique Lira, ao iG .
Ele afirma que as descobertas podem auxiliar na busca pela identidade da capital. "No início, Recife era uma vila próxima ao porto, que servia a Olinda, a grande cidade na época, naquele século. Com as ossadas e as descobertas, é possível saber como a vila funcionava na época".
Segundo os relatos dos profissionais da arqueologia enviados à prefeitura, outras ossadas localizadas na região eram de pessoas de origem europeia. Ainda não foram localizados sinais de povos indígenas no local.
Até o momento, sabe-se apenas que o bebê localizado nesta semana faleceu entre quatro e seis meses de vida. O principal diferencial da descoberta é o caixão onde o esqueleto foi localizado.
"Aqui, provavelmente, seria um cemitério natural, onde membros da comunidade eram enterrados. O fato de termos esqueletos sobrepostos e com diferentes sexos e idades indica isso", explica a bioarqueóloga da Universidade Federal do Piauí, Claudia Cunha.
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"Esse cemitério é uma biblioteca que começou com o início da cidade e onde as informações estão escritas nos ossos. Os esqueletos explicam como eram as pessoas: peso, doenças, alimentação, expectativa média de vida. Com a análise minuciosa de todos eles, podemos reconstruir a história de um povo", completa.
Todos os achados são enviados para o Núcleo de Ensinos e Pesquisas da UFRPE, para que possam ser estudados e catalogados. A universidade enviará também amostras para os Estados Unidos, para que os testes de carbono possam datar sua origem com mais precisão.
A expectativa é que ao longo das escavações, mais materiais apareçam. Por ora, as equipes só chegaram a 90 centímetros abaixo do mar.
O responsável pela urbanização do Recife diz que os planos da prefeitura incluem a concepção de um local onde, no futuro, seja possível visitar e conhecer um pouco mais da cidade por meio dessas descobertas.
"Estamos estudando uma forma das pessoas tanto de Recife, quanto turistas que vem até a cidade, saberem como era a vida naquela época, naquele século. Foram encontrados vasos, porcelanas, perfumes, inclusive sobre o conflito da resistência (aos holandeses), canhões, balas de fuzil", conta.
Os resultados dos testes de datação das primeiras ossadas encontradas na comunidade devem sair em breve. Estima-se que os indivíduos tenham falecido entre o final do século XVI e início do XVII, período da ocupação holandesa.