Ex-assessores do vereador do Rio e youtuber Gabriel Monteiro (PL) afirmaram à Polícia Civil que o parlamentar mantém em casa, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, um cofre camuflado no qual guarda HDs criptografados, cujo conteúdo é acessado apenas por senha, além de outros dispositivos de armazenamento de mídia. Segundo o relatos desses ex-funcionários, os equipamentos guardam vídeos de orgias das quais Monteiro participaria na própria residência, inclusive com participação de menores de idade. Desde que as primeiras denúncias de irregularidades e possíveis crimes começaram a surgir, o vereador vem repetidamente negando todas as acusações.
Os depoimentos foram prestados na última terça-feira, na 42ª DP (Recreio), no âmbito de um inquérito que apura o vazamento de um vídeo íntimo no qual uma adolescente de 15 anos e Monteiro aparecem mantendo relações sexuais. De acordo com ex-assessores, apenas dois advogados, além do próprio vereador, possuem a senha para abrir o cofre, que ficaria escondido em um armário localizado entre o quarto do parlamentar e o closet.
A existência do cofre foi citada por quatro dos seis ex-servidores ouvidos na delegacia. São eles: Heitor Monteiro de Nazaré Neto, Fabio Neder Fernandes Di Letta, Luiza Caroline Bezerra Batista e Mateus Souza de Oliveira. De acordo com os relatos dos ex-funcionários, no local ficavam armazenados tanto "vídeos de trabalho" quanto gravações de "orgias" envolvendo o vereador e várias mulheres, frequentemente menores de idade.
Fabio e Luiza prestaram depoimento na condição de testemunha, enquanto os outros dois foram apontados por Monteiro como responsáveis pelo vazamento do vídeo íntimo com a jovem de 15 anos, após terem, supostamente, furtado gravações pertencentes ao parlamentar. Ambos negam as acusações.
Heitor contou aos policiais que Monteiro chegou a ser orientado por um advogado a destruir equipamentos e mídias portáteis, como cartões de memória, HD externo e pendrives, que ficavam armazenados na casa dele. Ele não informou, porém, se presenciou ou soube se, de fato, o material acabou descartado.
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A "queima de arquivo" — termo usado pelo próprio ex-funcionário ao ser ouvido na 42ª DP — teria como objetivo, de acordo com ele, "inviabilizar que alguém encontrasse qualquer prova que desabonasse a conduta" de Monteiro. O ex-servidor alegou ainda que o material supostamente furtado seria justamente o das mídias citadas pelo advogado do vereador anteriormente, o que incluiria a gravação da relação com a menor de idade. No depoimento, Heitor diz desconfiar que "esta 'história de furto' seja uma estratégia para justificar o fato de Gabriel não ter mais tais mídias de informática caso alguém o solicitasse".
A orientação do advogado, ainda conforme o relato do rapaz, teria sido feita logo após um episódio envolvendo uma empresa de reboques que atua na cidade. Na ocasião, uma denúncia de oferecimento de propina feita pelo parlamentar, com flagrante em vídeo cuja versão editada foi divulgada nas redes do vereador, chegou a levar o dono do grupo à prisão.
As denúncias contra Gabriel Monteiro tiveram início com reportagens do "Fantástico", da TV Globo. Desde então, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio (MP-RJ) estão investigando casos envolvendo o parlamentar. As acusações são de abuso sexual, estupro e assédio sexual, entre outras.
Por conta desse cenário, Monteiro também viu ser aberto, esta semana, um processo contra ele no Conselho de Ética da Câmara de Vereadores do Rio. A investigação, a depender das conclusões dos parlamentares, podem levar até mesmo à cassação de mandato.
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