Operação prende 63 PMs que executavam pessoas para obter prestígio
Eles atraíam as vítimas até um local ermo, onde realizavam uma tocaia. Objetivo era obter números estatísticos superiores ao de outros batalhões
A Polícia Civil e o Ministério Público estadual prenderam 63 policiais militares — entre oficiais e praças — que, segundo as investigações, teriam executado pelo menos 24 pessoas após forjarem situações de confronto em Cuiabá e Várzea Grande entre os anos de 2017 e 2020. A Operação Simulacrum conseguiu, até a última sexta-feira (1), cumprir 78 dos 81 mandados de prisão expedidos pela Justiça — alguns dos PMs foram indiciados por mais de um crime. Nesta segunda-feira (4), a maior parte dos investigados começou a ser ouvida.
No total, foram decretadas 115 ordens judiciais, sendo 81 prisões e 34 mandados de busca e de medidas cautelares diversas. Policiais e promotores apreenderam durante as buscas aparelhos celulares, notebooks, mídias, munições e armas que passarão por perícia.
O inquérito narra que os assassinatos ligados aos militares têm "evidentes características de execução". Eles também responderão por tentativas de homicídio contra pelo menos outras quatro vítimas, que sobreviveram. De acordo com as investigações, a gangue de PMs contava com a atuação de um cúmplice que cooptava interessados na prática de crimes, como traficantes. O objetivo, no entanto, era ter um pretexto para matá-los. Os policiais militares atraíam essas vítimas a locais ermos, onde eles já esperavam por elas. Após a tocaia, elas eram mortas e os agentes simulavam o cenário de um confronto.
Segundo os investigadores, há quantidade "farta" de provas que reforçam a atuação da quadrilha. O objetivo deles, de acordo com a denúncia, era autopromoção na corporação, e promoção também de seus respectivos batalhões perante os demais. Na época dos fatos, os policiais militares investigados eram lotados na Rotam, Bope e Força Tática do Comando regional 1.
O GLOBO pediu um posicionamento à Polícia Militar sobre o caso, mas até a publicação desta reportagem ainda não havia obtido um retorno. MP e Polícia Civil, por sua vez, reforçaram, que "as ações investigadas foram praticadas por alguns membros da corporação que agem à margem e à revelia da lei", e que ambos "enfatizam o relevante trabalho que a Polícia Militar realiza para a sociedade no combate à criminalidade e na proteção do cidadão".
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