Influenciadores são presos por lavagem de dinheiro; entenda
Suspeitos teriam movimentado mais de R$ 20 milhões desde 2021 com venda de rifas de automóveis
A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu nesta segunda-feira quatro influenciadores digitais que, de acordo com as investigações, usavam os milhões de seguidores em suas redes sociais para criar rifas de carros de luxo por meio de "laranjas". Liderados por Kleber Moraes, o “Klebim” do canal “Estilo Dub”, no Youtube, os suspeitos teriam movimentado mais de R$ 20 milhões desde o início do esquema e passaram a ostentar veículos de luxo, como Ferrari e Lamborghini, avaliados em pelo menos R$ 3 milhões cada.
Denominada de Operação Huracán, referência ao modelo de um dos carros pertencentes ao grupo, a ação cumpriu mandados de busca em Brasília, Águas Claras, Guará e Samambaia, no Distrito Federal, apreendendo nove carros de luxo, uma moto e um jet-ski, além de cerca de R$ 10 milhões bloqueados nas contas dos envolvidos.
"Ele (Kleber) ficava exibindo os carros nas redes sociais e promovia as rifas. O dinheiro da rifa entrava e ia para uma empresa de fachada. Lá, ele branqueava e lavava o dinheiro para comprar outros veículos. Todo mundo o via faturando muito dinheiro. E começou uma enxurrada de rifas ilegais em todo o país" contou Fernando Cocito, delegado à frente do caso.
"A rifa é o menor problema, é uma contravenção penal. Mas é o que permite a engrenagem da lavagem funcionar."
Seguido por Ferrrari e Lamborghini
Além de Kleber Moraes, Pedro Henrique Barroso de Neiva, Vinícius Couto Farago e Alex Bruno da Silva Vale tiveram sua prisão temporária, por cinco dias, decretada nesta segunda-feira. De acordo com a Polícia Civil, eles teriam começado o esquema em 2021, quando passaram a promover rifas de carros no Instagram e através de canais no Youtube. Os investigadores, da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (DRF/Corpatri), explicam que a prática é proibida por lei, por ser considerada jogo de azar.
Os milhões de seguidores que os quatro somavam nas redes sociais facilitavam o esquema, sempre com as metas de vendas de rifas alcançadas, arrecadando grandes quantias em dinheiro. Os policiais apontam que o valor arrecadado seguia direto para contas de empresas de fachada, que eram usadas por eles para comprar novos carros (registrados sempre em nome de um laranja), cada vez mais luxuosos, retroalimentando o processo.
Kleber ostentava todo esse patrimônio em vídeos publicados em suas redes sociais. Em uma publicação feita por ele no ano passado, o jovem brinca ao tentar colocar uma mala dentro de uma Ferrari.
No ano passado, em entrevista ao UOL, ele contou que criou o canal no Youtube por conta da paixão por veículos estilizados. O influencer tem mais de 1,5 milhão de seguidores no Instagram, incluindo os perfis oficiais da Ferrari e da Lamborghini.
“Faz oito anos que comecei! Foi tudo na brincadeira. Eu fazia vídeos para os meus amigos, depois comecei a postar na internet e acabou virando isso tudo quando fui para o YouTube e expandi meu conteúdo. Hoje é um trabalho, mas começou mega despretensioso. Estava apenas curtindo tudo mesmo”, conta ele.
"Essa prisão é completamente arbitrária, desproporcional e ilegal. Fruto de uma pirotecnia para criar constrangimentos e fatos midiáticos. Confiamos que o poder judiciário corrigirá essa arbitrariedade revogando imediatamente essa prisão" disse o advogado.
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