Ao confessar ter matado o empresário e ex-cabo do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) Luiz Alberto Muniz do Carmo, de 48 anos, a major Fabiana Pereira Ribeiro, de 42 , narrou ter sofrido um histórico de violência por parte do marido. Em depoimento na 37ª DP (Ilha do Governador), a oficial discorreu sobre xingamentos, ameaças, socos, tapas e coronhadas, que teriam se agravado após uma lipoaspiração que realizou em outubro do ano passado, quando, segundo ela, “os ciúmes e o desejo de posse” do companheiro teriam sido “aguçados”.
De acordo com Fabiana, Luiz Alberto teria, inclusive, a espancado no período pós-operatório com os pontos cirúrgicos ainda no local . A major contou que o marido vistoriava seu celular e seu email diariamente a procura de mensagens de supostos amantes, que nunca teriam existido. Durante as últimas agressões, quando levou socos no rosto, a oficial diz ter acreditado que iria morrer. Em uma delas, ela afirma que ele chegou a levá-la para a parte externa da casa que dividiam com os dois filhos, de 3 e 8 anos, na Rua Gregório de Matos Morais, no Jardim Guanabara, na Ilha do Governador, onde ele a ameaçou de morte.
Fabiana narrou que, nessa ocasião, chegou a gritar por seu filho mais velho, que não apareceu no local. Após cessada a agressão, o menino teria contato a mãe que ficou parado na escada da residência com medo de ir para a área externa e também ser vítima das violências do pai. Na delegacia, a major ainda relatou que as duas crianças constantemente eram alvos de tapas, socos, chineladas e ameaças dele.
No depoimento, Fabiana também relatou que, no mês passado, durante um jantar em um restaurante na Barra da Tijuca, Luiz Alberto iniciou uma discussão alegando que ela possuía um amante. A oficial teria tentado “conciliar a situação”, mas no carro, ao voltarem para a Ilha do Governador, o empresário teria iniciado uma “sessão de espancamento”, com coronhadas na cabeça e socos em seu rosto, tendo a ferido em seus olhos.
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De acordo com as investigações, por volta de 6h30 do dia 28 de fevereiro, Fabiana acionou policiais militares do 17º BPM (Ilha do Governador) informando que o marido havia cometido suicídio. Três dias depois, no entanto, após a necropsia e a perícia na residência da família, a major assumiu o homicídio alegando sofrer violências sexuais e psicológicas de Luiz Alberto. O empresário e ex-cabo foi atingido por um tiro de pistola a curta distância em sua têmpora direita. Ele estava vestido com uma camiseta branca e uma cueca preta, coberto por um edredom cinza e ainda abraçado a quatro travesseiros.
Segundo a Polícia Militar, na residência foi apreendida a pistola Taurus calibre 40 da major. Assim que o caso foi registrado na 37ª DP, na mesma manhã, uma equipe de profissionais do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) foi encaminhada ao imóvel. No cômodo, eles estranharam a posição do cadáver, que estava com os braços recolhidos embaixo da coberta. Na noite da última sexta-feira, Fabiana foi novamente ouvida na delegacia e confessou ser a autora do disparo que matou Luiz Alberto. Os dois estavam juntos há mais de 15 anos e tiveram dois filhos.
Ao GLOBO , o delegado Marcus Henrique de Oliveira Alves, titular da 37ª DP, informou que o inquérito segue sob sigilo e está realizando diligências e ouvindo testemunhas para esclarecer as circunstâncias do caso. Em nota, a Secretaria de Polícia Militar informou que investigações sobre o caso estão a cargo da Secretaria de Polícia Civil e que a área correcional da corporação "acompanha os trâmites e colabora no que for necessário".