Agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) vão ouvir o depoimento, nesta quinta-feira, de um cabo da Polícia Militar, lotado no 9ºBPM (Rocha Miranda). Ele é dono do quiosque Biruta, onde Moïse Kabamgabe trabalhava, assim como um dos seus agressores.
A família de Moïse alega que as agressões ao congolês foram motivadas após ele cobrar diárias de trabalho não pagas. Além do policial, sua irmã, que também é proprietária do estabelecimento, irá prestar depoimento.
Os agressores, identificados como Fábio Pirineus da Silva, conhecido como Belo; Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove; e Brendon Alexander Luz da Silva, de apelido Tota, foram presos, temporariamente, por 30 dias, nesta quarta-feira. Moïse, que ingressou no Brasil como refugiado de guerra, em 2011, trabalhava de forma informal para se sustentar.
Na versão dos presos, no entanto, o espancamento ocorreu após Moïse tentar pegar cerveja do quiosque Tropicália, onde já havia trabalhado, e ameaçar um funcionário idoso, de nome Jaílson. A motivação para o crime ainda é apurada pela Polícia Civil.
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Moïse morreu por espancamento no quiosque Tropicália, vizinho ao bar Biruta, onde ele trabalhava. O Samu constatou sua morte por volta das 23h e, após a perícia, seu corpo foi removido para o IML às 3h, do dia 25 de janeiro.
MPT instaura inquérito para apurar trabalho escravo
O Ministério Público do Trabalho informou que instaurou um inquérito civil para apurar trabalho análogo à escravidão nos quiosques onde Moïse já trabalhou.
"Durante a instrução do inquérito serão colhidas provas para responder questionamentos, como se havia trabalho sem pagamento de salário e sem direitos trabalhistas. Esse trabalho ocorria em condições análogas à escravidão?", afirmou a procuradora Guadalupe Turos Couto.
Um dos agressores trabalhava no mesmo quiosque de Moïse. Muitos dos trabalhadores moram nas areias da praia ou passam a noite dentro dos quiosques onde trabalham e recebem o pagamento por comissão das vendas.