"Vamos nos casar", teria dito Monique a Jairinho após morte de Henry
Revelação foi feita pela assessora Cristiane Isidoro, que trabalha com a família do ex-vereador há cerca de 30 anos
A assessora Cristiane Isidoro, que trabalha para o deputado estadual Jairo Souza Santos, o Coronel Jairo, e o filho dele, o médico e ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Jairinho , há cerca de 30 anos, deu detalhes do relacionamento dele com a então namorada, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva, após a morte do filho dela, Henry Borel Medeiros, na madrugada de 8 de março. A profissional presta depoimento, na tarde desta terça-feira, dia 14, durante a continuação da audiência de instrução e julgamento do processo em o ex-casal é por torturas e homicídio do menino.
"Eles estavam juntos. Inclusive um dia, dentro do carro a Monique disse pro Jairinho: ‘Amor, você vai reverter a vasectomia e vamos nos casar’", disse, ao responder uma pergunta feita pelo promotor Fábio Vieira.
Minutos depois, o advogado Igor Carvalho, que representa o engenheiro Leniel Borel, assistente de acusação do Ministério Público, voltou a questionar Cristiane sobre o comportamento da professora.
"Estávamos no carro, indo para a casa do advogado (André França Barreto), no Leblon, quando ela, carinhosamente, passa a mão no braço dele e verbaliza: 'Amor, você vai reverter a vasectomia e vamos nos casar'. O Jairinho então responde: 'Vamos, sim, amor'. E depois ela ainda diz: 'E vai ser no papel'".
Cristiane começou a prestar depoimento, no plenário do II Tribunal do Júri, por volta de 16h. A assessora narrou, em detalhes, desde sua chegada no Hospital Barra D’Or, onde Henry passava por procedimentos de reanimação, até o acompanhamento que deu a família para revolver trâmites burocráticos do sepultamento do corpo do menino.
A assessora é a quarta testemunha arrolada pelo advogado Braz Sant’Anna, que defende Jairinho, nesta terça-feira. Nessa manhã, foi ouvida a cabeleireira Tereza Cristina dos Santos, arrolada pelo promotor Fábio Vieira e que não havia sido localizada nem intimada para a audiência do dia 6 de outubro. Ela corroborou o depoimento prestado na 16ª DP (Barra da Tijuca), em 14 de abril, quando contou trabalhar em um salão de beleza no Shopping Metropolitano frequentado por Monique desde janeiro. Ela relatou lavar o cabelo da professora, por volta de 16h30 do dia 12 de fevereiro, quando presenciou uma chamada de vídeo feita por Henry.
Na ligação, Tereza disse que o menino perguntava: "Mãe, eu te atrapalho? O tio disse que eu atrapalho". A criança também teria relatado que "o tio bateu" ou "o tio brigou". A cabeleireira contou também que Monique falou com a babá de Henry, Thayna de Oliveira Ferreira, que mandou vídeos dele mancando. Em seguida, a professora teria recebido um telefonema de Jairinho, com quem teve uma discussão. Após a oitiva da profissional, será ouvido o policial civil Sigmar Rodrigues de Almeida. Ele é amigo de Leniel e o levou do Hospital Barra D'Or a 16ª DP, para registrar o caso, e ainda o acompanhou ao Instituto Médico-Legal (IML).
Depois, foi ouvido Thiago Kwiatkowski Ribeiro, conhecido como Thiago K Ribeiro, que foi vereador com Jairinho na Câmara Municipal do Rio por três mandatos e tomou posse como conselheiro do Tribunal de Contas do Município (TCM) esse ano. Ele contou conhecer o ex-vereador pelo menos desde 2012, frequentando eventos sociais e familiares com ele, e negou ter conhecimento de qualquer ato violento praticado pelo amigo.
O deputado estadual Jairo Souza Santos, o Coronel Jairo, pai de Jairinho, também prestou depoimento. Ele negou que o filho fosse capaz de agredir os filhos ou outras crianças.
Antes do depoimento da assessora Cristiana Isidoro, o deputado estadual Jairo Souza Santos, o Coronel Jairo, pai de Jairinho, ouvido na condição de informante, negou que o filho fosse capaz de agredir os filhos ou outras crianças. O parlamentar disse que se surpreendeu com a investigação contra o seu filho e a então namorada Monique Medeiros da Costa e Silva acerca da morte de Henry Borel Medeiros, na madrugada de 8 de março.
"Meu Deus, será que eu moro com um psicopata há 40 anos e não sei? Foi o que pensei. Mas sou estudioso, li nove livros de psicopatia, li livros de serial killer e percebi que a psicopatia não se encaixava no Jairinho", afirmou o deputado, que não tem formação médica.
De acordo com as investigações, Henry morreu como consequência de agressões do padrasto e pela omissão da mãe. Um laudo aponta 23 lesões por "ação violenta" no dia da morte do menino.