"Ninguém saiu de casa para matar, mas mataram", diz pai de vítima da boate Kiss

Paulo Carvalho, que também é Diretor-jurídico da Associação de Vítimas da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), afirma que júri trará "conforto e alívio" para familiares dos mortos em caso de condenação

Foto: Fotos Públicas
Fachada da boate Kiss, em Santa Maria-RS, após o incêndio que vitimou 242 pessoas

Paulo Carvalho, 71, pai de Rafael, morto no incêndio na boate Kiss em 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria-RS, avalia que o júri marcado para começar no dia 1º de dezembro poderá trazer "conforto e alívio" em caso de condenação.

Ele também é diretor-jurídico da Associação de Vítimas da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), e em entrevista para o GZH, disse que os réus devem responder por crimes dolosos - quando há intenção de matar.

"Ninguém saiu de casa para matar, mas mataram. Ninguém sai de casa para matar alguém, exceto em crime premeditado", disse Carvalho.

"Eles assumiram por diversas, diversas e diversas vezes o risco de matar. São tantas coisas que ocorreram naquela boate antes do incêndio. São mortes que poderiam ter sido evitadas", continuou.

Ele afirmou que considera uma pena justa a condenação por dolo. É muito claro, está tudo documentado. "Há laudos, ofícios, testemunhas, que declaram com muita precisão as ações dolosas dos proprietários [da boate Kiss] e dos músicos [da banda Gurizada Fandangueira]", relatou ao GZH.

Paulo Carvalho agora espera que a condenação posso trazer paz às famílias das vítimas que por nove anos aguardam por justiça. "É um conforto, após tanto tempo. Está próximo de um alívio. Foram quase nove anos. E nesses nove anos tivemos situações terríveis, decepções, e quase que esse julgamento não saiu. Quase que ninguém responderia por esse crime imenso", completou.