Anielle Franco afirma que foi "cuspida na cara" durante as eleições de 2018

Irmã de Marielle Franco denuncia racismo e explica como o assassinato da ex-vereadora a afetou na última eleição presidencial

Foto: Reprodução
Anielle Franco afirma que foi 'cuspida na cara' durante as eleições de 2018

A irmã de  Marielle Franco e diretora do instituto que recebe o nome da ex-vereadora,  Anielle concedeu uma entrevista ao programa Roda Viva na última segunda-feira (22) e falou sobre os impactos sofridos por ela e sua família após o  atentado sofrido por Marielle - assassinada em março de 2018. Segundo a escritora, sua irmã defendia pautas plurais e isso causa incômodo na oposição, que reage através da propagação do ódio.

"2018 foi um ano muito difícil para a minha família. Fui cuspida na cara com a minha filha de dois anos no colo assim que o atual presidente foi eleito. Fui chamada de ‘irmã daquela macaca feminista que tinha morrido tarde demais'", explicou Anielle.

Segundo a ativista, uma política que coloque as favelas no centro do debate público deveria ser prioridade para os próximos governos. "No próximo ano a eleição vai muito além de defender os direitos humanos, vamos ter que defender democracia, civilização, humanidade. Eu espero que os nossos [pessoas pretas] podendo falar os próximos passos, debatendo e ouvindo. A construção dos próximos governos, deputados, do nosso próximo presidente deveria passar pelo povo preto de favela, deveria passar por defensora de direitos humanos".

Questionada sobre os impactos e o legado deixado por sua irmã, Anielle chorou ao lembrar de Marielle. Em seguida, ressaltou que "ela [Marielle] era muito maior do que qualquer partido" e que o "Brasil precisa responder quem mandou matá-la".

"Eu espero que exista [interesse pela elucidação do caso], se não existir a gente vai continuar lutando para que esse interesse surja. É muito importante lembrar que a gente está há mais de três anos sem saber quem mandou matar Marielle, nós temos essas duas pessoas presas, mas quem mandou fazer um crime tão bem arquitetado como aquele? Eu preciso acreditar ter esperança de que a gente vai ter elucidar o crime em algum momento. O Brasil precisa responder quem mandou matar Marielle", afirmou.


Anielle afirmou ainda que possui "muitas lembranças boas" da irmã e que a história de sua irmã seguirá sendo propagada através do lançamento de uma biografia da ex-vereadora. "Eu e Bianca Santana temos o plano de escrever a biografia da Marielle. Meu pai e minha mãe deram essa responsabilidade para a Bianca. A gente vai fazer a biografia da Marielle e seguir escrevendo. Eu não vou parar por aqui".