Enquanto bombeiros, brigadistas e voluntários seguem há dez dias combatendo focos de incêndio na área da Chapada dos Veadeiros , em Goiás, um grupo de empresários locais tem tentado convencer páginas dedicadas à preservação do Cerrado brasileiro de que é melhor não divulgar informações sobre as queimadas que têm acontecido, sob o argumento de que isso "tem espantado os turistas". Nesta terça-feira (21) — Dia da Árvore —, um desses perfis compartilhou algumas dessas mensagens enviadas.
"Parem de publicar esses vídeos do fogo, estão espantando os turistas", escreveu um empresário por mensagem direta a uma página dedicada à Vila de São Jorge, povoado da Chapada. Outro, disse que as queimadas
são normais no Cerrado: "O turista é nossa principal fonte de renda. Se espalhar essa história, que é normal por aqui, vamos ter que fechar as portas. Já basta essa pandemia", escreveu outro comerciante local. A página, então, comentou: "Mensagens como deste empresário são frequentes por aqui. Surreal, não?".
Sem trégua
Ao longo de mais de uma semana, diversas páginas, ONGs e moradores têm, não só divulgado imagens diárias dos trabalhos contra o fogo , como também apoiado o Corpo de Bombeiros, o Instituto Chico Mendes de Proteção à Biodiversidade (ICM-Bio) e brigadistas do PrevFogo (frente ligada ao Ibama) no combate aos incêndios em áreas do Cerrado, em equipes, em média, formadas por cerca de 150 pessoas.
No último dia 12 de setembro, mais de cem turistas precisaram ser retirados às pressas da Chapada dos Veadeiros depois de terem ficado isolados pelo fogo no Vale da Lua. Até a última atualização, 14 mil hectares já haviam sido destruídos pelo fogo. Procurado, o Corpo de Bombeiros ainda não atualizou sobre a situação nesta terça.
"Com os novos focos de ontem (segunda-feira, 20) que adquiriram grandes proporções, muitos dias de combate ainda virão pela frente. Todos estão torcendo por uma chuva prometida pela meteorologia", comentou a página Rede contra Fogo, de brigadistas voluntários, nesta terça-feira.