Áreas de milícias têm queda de 34% em tiroteios após morte de Ecko
Wellington da Silva Braga foi morto no dia 12 de junho durante ação da Polícia Civil
Após três meses da morte de Wellington da Silva Braga, o Ecko, áreas da milícia no Rio de Janeiro registraram queda de 34% nos tiroteios, segundo o Instituto Fogo Cruzado. Desde o dia 12 de junho, dia da morte do criminoso, o instituto mapeou 1.043 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio.
Cecília Olliveira, diretora executiva do Fogo Cruzado explica que, apesar da queda nesses números levar a uma falsa conclusão de retorno da segurança nessas regiões, o momento atual não é de paz. “A movimentação das ações criminosas são cíclicas. Em 2018, a despeito da intervenção militar federal na segurança do Rio, foi o ano de pico no número de tiroteios no Grande Rio. Aquele foi um ano onde os grupos se reorganizaram”.
Cecília Olliveira comenta que as áreas onde a milícia se estabeleceu, após longas batalhas, tiveram redução no número de tiroteios, pois as disputas cessaram. No entanto, a especialista alerta “que isso é uma falsa paz. Já que, por exemplo, caem o número de homicídios, mas aumentam o número de desaparecimentos”.
No levantamento exclusivo feito pelo Instituto Fogo Cruzado e o mapa do Pista News, Quintino Bocaiúva, Cascadura, Madureira, Campinho e Água Santa, bairros da Zona Norte da cidade próximos à Praça Seca, na Zona Oeste do Rio, somados, concentraram 33 tiroteios no período: 40% a menos que no período de três meses antes da morte do Ecko (55).
Jacarepaguá, Curicica, Gardênia Azul, Barra da Tijuca, Itanhangá, Recreio dos Bandeirantes e Praça Seca – bairros da Zona Oeste com fortes disputas entre milícias e o Comando Vermelho -, somados, concentraram 32 tiroteios desde a morte do Ecko, 72% a menos que nos três meses anteriores (114). Sozinha, Praça Seca concentrou entre 12 de março e 11 de junho 105 tiroteios, desde o dia 12 de junho houve somente 11 na região, uma queda de 90%.
Também na Zona Oeste, os bairros de Realengo, Bangu, Padre Miguel, Santa Cruz, Campo Grande, Paciência e Santíssimo – também com disputas entre facções e milícias – concentraram 69 tiroteios nos três meses após a morte do Ecko, 4% a menos que nos três meses anteriores (72).
Realengo, Santíssimo, Santa Cruz e Paciência, redutos de Ecko, foram os únicos entre esses bairros a aumentarem o número de tiroteios após sua morte. Realengo aumentou de 27 para 28 tiroteios, Santíssimo de 2 para 3 tiroteios, Santa Cruz saltou de 7 para 14 registros, e Paciência de 2 para 6 registros. Foi na favela das Três Pontes, em Paciência, que Ecko foi capturado enquanto visitava a mulher e os filhos, e morto em uma operação da Polícia Civil.